Páginas

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Lido: Uma Praça em Antuérpia, de Luize Valente

No Verão do ano passado, li Sonata em Auschwitz desta autora, literatura bastante "levezinha" para se ter durante as férias, pois então.

Agora li, Uma Praça em Antuérpia, onde voltamos a "misturar" a História de Portugal com a História contemporânea europeia.

Anos 2000.  No Brasil, uma mulher, na casa dos oitenta anos, assinala a passagem de ano com a família, relembrando o filho Luiz Felipe que havia falecido há pouco tempo. À medida que os convivas se vão recolhendo, Olívia revela a Tita, sua neta, que não é Olívia, mas sim, a sua gémea, Clarisse.

E aqui começa a história. Clarisse começa a contar à neta, o segredo que guardou por mais de 60 anos, e que poderá mexer com toda a estrutura familiar.

A mãe das gémeas, Clarisse e Olívia, morre ao dar à luz, e as crianças são criadas por uma avó, já que o pai, com o desgosto, não quer saber delas. Em adultas, mudam-se da zona de Guimarães para Lisboa. Uma delas - Olívia - casa com o filho da empregada delas de infância, e a outra - Clarisse - apaixona-se por um judeu polaco que conhece num dia em que se perde pelas ruas lisboetas. Theodor - que já havia fugido da sua pátria, devido aos avanços da extrema-direita de um homem chamado Hitler - em Portugal, é perseguido, por ser comunista.

Até que decide, de novo, fugir. Clarisse fica em Portugal, grávida, sem que Theodor o saiba. Um dia, cansado de fugir, ele regressa e descobre que a mulher que ama está grávida, e volta a procurá-la. Casam e mudam-se para Antuérpia, na Bélgica, convencidos que o movimento militar alemão não irá chegar até ali. O bebé, Bernardo, nasce em clima de relativa tranquilidade.

Em Portugal, por sua vez, o regime salazarista faz com que Olívia e António vendam a casa e o seu negócio e planeiem ir para o Brasil. Aliás, António parte para ir adiantando as coisas.

Na Europa, o avanço nazi é estrangulador. António garante estadia e trabalho para os cunhados, acreditando que conseguem os vistos para o Brasil, mas nem tudo corre consoante o planeado. E como já sabemos, a determinada altura desta saga, as gémeas trocam de lugar...

No geral, gostei deste livro. A determinada altura, passei páginas meio da diagonal, porque a autora estava, claramente, a enrolar o enredo principal, e a repetir fórmulas que já tinha usado antes. Eram partes que não adiantavam minimamente a ação, e só serviam para encher chouriços. E achei o final, um tudo-nada metido ao pontapé: pareceu-me ligeiramente forçado, e não adorei por aí além.

Mas, como disse, globalmente, gostei. Os livros que se passam durante o período do nazismo, e que retratam, mesmo ficcionadamente, esta época da História Contemporânea, por norma, agradam-me bastante. Mais não seja por pretenderem relembrar as atrocidades cometidas por um grupo que se julgava superior a outros - não que tenha adiantado de muito, como se vê nos dias de hoje, mas pelos menos, tentam...

Mas não adorei. Agora já não é tanto o caso de ser picuinhas, mas houve um conjunto de situações descritas, e algumas soluções de narrativa que me deixaram algo incomodada, por parecer que não "batia a bota com a perdigota". Não sei se me faço entender?

Dei 3 estrelas. É um livro com o seu interesse, mas não essencial. Com esta temática, existem outros superiores qualitativamente.

Sem comentários:

Enviar um comentário