No Verão do ano passado, li Sonata em Auschwitz desta autora, literatura bastante "levezinha" para se ter durante as férias, pois então.
Agora li, Uma Praça em Antuérpia, onde voltamos a "misturar" a História de Portugal com a História contemporânea europeia.
Anos 2000. No Brasil, uma mulher, na casa dos oitenta anos, assinala a passagem de ano com a família, relembrando o filho Luiz Felipe que havia falecido há pouco tempo. À medida que os convivas se vão recolhendo, Olívia revela a Tita, sua neta, que não é Olívia, mas sim, a sua gémea, Clarisse.
E aqui começa a história. Clarisse começa a contar à neta, o segredo que guardou por mais de 60 anos, e que poderá mexer com toda a estrutura familiar.
A mãe das gémeas, Clarisse e Olívia, morre ao dar à luz, e as crianças são criadas por uma avó, já que o pai, com o desgosto, não quer saber delas. Em adultas, mudam-se da zona de Guimarães para Lisboa. Uma delas - Olívia - casa com o filho da empregada delas de infância, e a outra - Clarisse - apaixona-se por um judeu polaco que conhece num dia em que se perde pelas ruas lisboetas. Theodor - que já havia fugido da sua pátria, devido aos avanços da extrema-direita de um homem chamado Hitler - em Portugal, é perseguido, por ser comunista.
Até que decide, de novo, fugir. Clarisse fica em Portugal, grávida, sem que Theodor o saiba. Um dia, cansado de fugir, ele regressa e descobre que a mulher que ama está grávida, e volta a procurá-la. Casam e mudam-se para Antuérpia, na Bélgica, convencidos que o movimento militar alemão não irá chegar até ali. O bebé, Bernardo, nasce em clima de relativa tranquilidade.
Em Portugal, por sua vez, o regime salazarista faz com que Olívia e António vendam a casa e o seu negócio e planeiem ir para o Brasil. Aliás, António parte para ir adiantando as coisas.
Na Europa, o avanço nazi é estrangulador. António garante estadia e trabalho para os cunhados, acreditando que conseguem os vistos para o Brasil, mas nem tudo corre consoante o planeado. E como já sabemos, a determinada altura desta saga, as gémeas trocam de lugar...
No geral, gostei deste livro. A determinada altura, passei páginas meio da diagonal, porque a autora estava, claramente, a enrolar o enredo principal, e a repetir fórmulas que já tinha usado antes. Eram partes que não adiantavam minimamente a ação, e só serviam para encher chouriços. E achei o final, um tudo-nada metido ao pontapé: pareceu-me ligeiramente forçado, e não adorei por aí além.
Mas, como disse, globalmente, gostei. Os livros que se passam durante o período do nazismo, e que retratam, mesmo ficcionadamente, esta época da História Contemporânea, por norma, agradam-me bastante. Mais não seja por pretenderem relembrar as atrocidades cometidas por um grupo que se julgava superior a outros - não que tenha adiantado de muito, como se vê nos dias de hoje, mas pelos menos, tentam...
Mas não adorei. Agora já não é tanto o caso de ser picuinhas, mas houve um conjunto de situações descritas, e algumas soluções de narrativa que me deixaram algo incomodada, por parecer que não "batia a bota com a perdigota". Não sei se me faço entender?
Dei 3 estrelas. É um livro com o seu interesse, mas não essencial. Com esta temática, existem outros superiores qualitativamente.
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