À direita, na foto, está a capa original do livro. À esquerda, a capa falsa, vista com mais frequência nos escaparates |
Agora, falemos do livro. É algo complicado, vou ser sincera. José Rodrigues do Santos elaborou, com este livro, um compêndio
da História Mundial, com salpicados de romance histórico. Temos um narrador que nos introduz à história de Artur Teixeira, um menino que vive com os pais, algures em Moçambique. Aos 10 anos, separa-se dos pais, e fica aos cuidados do Colégio Militar, em Lisboa.
Ao mesmo tempo que acompanhamos o crescimento de Artur, assistimos à queda da Monarquia, à instabilidade política nacional, à entrada de Portugal na Grande Guerra, à revolução de 1928, à entrada de Salazar no governo português...
Depois, conhecemos a família japonesa Satake. E da família russa Skuratov. E dos chineses Yang .
Cada uma das 4 famílias representa uma história e cada história é a representação de um momento da grande História Mundial. Tomamos conhecimento - pelos olhos de cada uma das crianças de cada família - às convulsões políticas e às revoluções desde o início do século XX.
Não é um mau livro. Mas é denso. Tal como disse acima, é um compêndio de História e um excelente resumo da ascensão de regimes de caráter totalitário, um pouco por todo o mundo. Em algumas vezes, senti-me perdida. A determinado momento, estava a ler um extenso monólogo na parte chinesa, sobre o comunismo. Há momentos complicados de conseguir seguir. Muitas conversas de caráter filosófico e político, muitas explicações, muitos nomes... historicamente, está aqui um pequeno mimo. Como romance, o leitor tende a dispersar e a "pedir" que a "lengalenga" acabe rapidamente.
Os capítulos não são muito longos. Uma ou outra vez, lá calha um mais compridinho, mas nada que assuste. O livro está dividido em 3 partes, que nos são introduzidas por uma página especial com excertos de Basho Matsuo (poeta japonês), Wang Changling (poeta chinês) e Li Ho (escritor chinês).
O livro - que faz parte de uma trilogia - deixa-nos no final dos anos 20, do século XX, às portas da Depressão de 1929, conforme nos alerta o narrador.
É inevitável estabelecermos paralelismos com a atual situação económico-política, nomeadamente, no que toca aos discursos de apologia à violência e da ascensão de movimentos extremistas. É um livro que recomendo, mas, com a salvaguarda: não esperem um romance típico. É quase uma aula de História, com elementos ficcionais lá pelo meio.
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