Devem ser raros os livros com flores na capa que não sejam um romance, ou de botânica... este tem um "cheirinho" de botânica e a história de um amor que nasceu durante a 2.ª Guerra Mundial.
Alma e Ichimei apaixonam-se quando ainda são crianças... e pouco mais tarde, numa altura em que ser japonês, nos Estados Unidos da América, era pior do que ser nazi, surge a primeira separação que, no fim, mostra que o amor é mais forte do que as convenções sociais ou do que o preconceito.
Aproveitei este fim-de-semana de chuva para começar a ler este livro de Isabel Allende. Por alguma razão, durante muito tempo, rejeitei Allende. Estava farta de histórias de amor, talvez. Mas, com este "O Amante Japonês", chorei.
Pelo meio conhecemos Irina, uma jovem moldava com um passado tão tumultuoso e traumático que, ainda hoje, em adulta, sente, na pele, as dores de quando era criança. Seth, neto de Alma, tem uma passagem, por este livro, mais subtil. Não é o herói romântico desta história, mas é um homem de gestos por amor.
Vale a pena ler O Amante Japonês. Nele lemos sobre guerra, pedofilia, homossexualidade, cancro, VIH/SIDA, síndrome de Down, dor, perda, amor, amizade... é um romance muito completo e cheio de detalhes e de pequenas passagens de uma poesia maravilhosa.
A própria estrutura do livro é muito descomplexada... alternamos entre pedaços do passado de Alma, com a visão de Seth e de Irina, com bocadinhos de outros personagens que, não tendo um papel fundamental, são essenciais para que as linhas se cruzem e formem um quadro completo.
Excerto de uma carta de Ichimei:
"Afirmámos muitas vezes que amarmo-nos é o nosso destino, amámo-nos em vidas anteriores e continuaremos a encontrar-nos em vidas futuras. Ou talvez não exista passado nem futuro e tudo aconteça simultaneamente nas infinitas dimensões do universo. Nesse caso, estamos unidos constantemente, para sempre."
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