Ao longo dos anos, já li muitos livros cujo ambiente se localizava em Auschwitz-Birkenau, ou nos arredores. 2018 tem sido o ano em que mais livros, sobre este tema, tenho lido.
Antes de mais, é baseado em testemunhos reais. O nosso personagem principal - o tatuador Lale, existiu realmente. E, de acordo com o que li, cerca de 95% do livro, é verídico.
O Tatuador de Auschwitz, por si só, não é um livro que explora a guerra, ou que fala dos horrores daquele campo de concentração. No fundo, é um romance.
No GoodReads, classifiquei-o com 3 estrelas. Vou tentar justificar-me: parece estranho alguém classificar com um "é bonzinho, vá", um livro que descreve o sofrimento de alguém que sobreviveu a Auschwitz, mas a verdade é que não não é um livro bem escrito.
Mas já lá vou.
O Tatuador de Auschwitz conta-nos a história de Lale, um jovem na casa dos 20, natural da Eslováquia, que se voluntaria para o transporte para os campos de concentração, na esperança, de assim, poupar a restante família.
Pouco depois de lá chegar, contrai tifo, e acaba por sobreviver graças à ajuda de Pepan, o homem responsável por tatuar, nos recém-chegados, os números pelos quais iriam ser conhecidos a partir de então. Pepan, francês, toma Lale como seu assistente. Pouco depois, Pepan desaparece e Lale torna-se o tatuador oficial de Auschwitz-Birkenau, com todos os benefícios que essa posição lhe traz, como um quarto individual, reforço na alimentação, maior liberdade de movimentos, dispensa dos trabalhos pesados, etc...
Nessa função, conhece Gita e apaixona-se. Ao mesmo tempo, consegue construir uma rede de troca de dinheiro e jóias, vindas dos blocos conhecidos como "Canadá", onde iam parar os pertences dos prisioneiros, por comida ou medicamentos, vinda do exterior. Desta forma, ia distribuindo comida por quem precisava ou como pagamento de favores.
Em 1945, com a libertação do campo, acabam por se reunir passado alguns meses e casam em outubro desse mesmo ano. E viveram juntos até à morte de Gita em 2003. Nesse ano, Lale conheceu Heather Morris, e considerou que era o momento certo para contar a história de ambos
. As entrevistas duraram mais três anos, até à morte de Lale em 2006.
É explícito, no fim do livro, naquelas partes que quase ninguém lê, que Heather Morris havia pensado a obra que apresentou como o guião para um filme, e que, ao fim de contas, deu um livro. Os diálogos, a constante troca da narração entre a 1.ª e a 3.ª pessoas... parecem muito estranhos. E já para não falar que a descrição das condições do campo dá quase a sensação que Lale estava num campo de férias um "tudo ou nada" mórbido e não num campo de extermínio nazi. Falta mais emoção - a autora esperava transmitir isso em ecrã, mas, em livro, não resultou e perdeu-se muito na adaptação do guião.
Percebi, nas entrelinhas, que Heather queria mostrar que, ali, em condições extremas, era possível haver amor, haver camaradagem e companheirismo, solidariedade... contudo, pela rama, o que fica é que Lale era um homem a quem a sorte sorria muito mais do que a outros em circunstâncias iguais ou semelhantes. O livro foi aclamado e tem muito boas críticas - e ainda bem! - mas, sinceramente, não me conquistou em pleno, porque senti, ao longo de toda a leitura, que faltava mais qualquer coisa.
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