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quarta-feira, 19 de junho de 2024

O que vais ler tu, Cristina Maria?

O título deste texto é aquilo que me vai chegando telepaticamente. Sinto a vossa dúvida e a vossa dor depois do texto onde mostrei as minhas parcas compras na Feira do Livro.

Mas, nada temam!!! Tenho muito cá em casa para me entreter, porque sou uma rapariga que se previne ao longo do ano.

Esta, senhores, é a minha pilha de leituras para os próximos tempos. Sem prazo e sem pressões.

A única dúvida é: começar por onde? Já comecei, em tempos idos, o Meio Sol Amarelo da Chimamanda. Mas os livros da Hilary Mantel são históricos e fazem parte de uma trilogia e podia já dar cabo de 2/3 da dita cuja. Ou o Afonso Cruz que já comprei há tanto tempo que nem me lembro quando. Ou a Célia Correia Loureiro que tem uma capa linda e é ser o mais recente dos 5.


A minha única certeza sobre esta pequena montanha é que pesa 3,2 kg (sim, dei-me ao trabalho de pesar). 

domingo, 16 de junho de 2024

Lido: Terra Americana, de Jeanine Cummins

No verão do ano passado, li um livro que achei muito engraçado, e que, na minha humilde opinião, é perfeito para a época estival: Como matar a tua família, de Bella Mackie.

A mãe de um amigo do Henrique viu a minha publicação, e, ela própria, fez um post sobre o que tinha lido nas suas férias. E foi assim, crianças, que Terra Americana, de Jeanine Cummins, veio parar à minha TBR.

Primeiro, a capa. Muito suave, subtil e sóbria. Não é "txaran", mas chama a atenção. Depois, a sinopse. E foi aqui que me me ganharam.

Ontem Lydia era dona de uma livraria.
Estava casada com o homem que amava.
Vivia rodeada de família e amigos.
Hoje Lydia perdeu tudo.
Tudo, menos o filho, Luca, de oito anos.
Por ele, vai amarrar uma faca de mato à perna.
Vai saltar para um comboio de alta velocidade em andamento.
Vai até ao fim do mundo.

Únicos sobreviventes do massacre da sua família às mãos de narcotraficantes, Lydia e Luca sabem que têm de fugir do México imediatamente. Cada minuto conta. Cada troca de olhares está impregnada de perigo. Em cada momento de fraqueza pulsam a vida e a morte.

Comecei a ler e só consegui parar de pensar neste livro quando alcancei a última página. Um autêntico "page turner". Sofri com a Lydia, sorri com o Luca, chorei com Soledade, Rebeca e Beto, depositei, com alguma reticência a minha confiança, em alguns dos outros personagens - uns, desiludiram-me, outros provaram ter espinha dorsal.

Este é só um cheirinho - e ainda por cima, fictício - do drama dos migrantes do centro e sul americanos que tentam alcançar os Estado Unidos da América. Por cada narcotraficante, há uma família boa. Por cada criminoso há grupos de pessoas que, genuinamente, procuram melhores condições para si e para os seus.

Sabiam que muitos migrantes percorrem largas centenas de quilómetros em cima de comboios de mercadorias? Alguns, sobem quando o comboio está em andamento e, de acordo com a Wikipedia, anualmente, são entre 400 e 500 mil pessoas que tentam alcançar os EUA viajando em La Bestia (a Besta ou, como também é conhecido, O Comboio da Morte).

Imagem retirada da Wikipédia, no artigo 
"La Bestia", retrata pessoas a tentarem dar alguns mantimentos aos migrantes que viajam em cima do comboio. 

A autora passou bastante tempo a pesquisar sobre as rotas dos migrantes, fez voluntariado em centros de acolhimento e migrantes, falou com várias pessoas e só, passados mais de 3 anos, lançou este livro. Foi criticadíssima, por ser uma norte-americana a falar de um assunto tão mais ao sul da Maryland onde cresceu, mas creio que, a Portugal, só chegaram ecos da polémica. Recomendo vivamente esta leitura.

Se entretanto, souberem de algum livro que retrate esta realidade, mas escrito por um@ sul-american@, basta deixar a sugestão na caixa de comentários. 

quinta-feira, 13 de junho de 2024

Compras na Feira do Livro de Lisboa

Aviso à navegação: não estou extasiada de felicidade com os livros que comprei este ano, mas, quis fugir um bocadinho ao que habitualmente leio.

Um dos conselhos que dou ao Henrique é: quando lemos, temos toda a liberdade para escolher. Tanto podemos ler livros pequenos, grandes, de um único género, ou saltitar. Mas, nunca, nos devemos acomodar. Sair daquilo que é a nossa zona de conforto, pode trazer-nos surpresas incríveis.

Não comprei nada que tinha nas minhas listas. Há quem passe semanas a preparar a ida à Feira, quem organize a agenda em função da Horas H desta vida, ou dos escritores que irão estar presentes. Eu, no fundo, sou uma "Maria vai com as outras". 

Há umas semanas, fiz uma busca rápida sobre os vencedores do Man Booker Prize, e Julian Barnes era um dos nomes da lista (2011). "O Homem do Casaco Vermelho" era livro do dia quando fui à FLL e veio comigo. O que sei sobre um livro? Nada. 

Há muito que oiço falar de J. Rentes de Carvalho. Já não me recordo em que contexto, o nome dele surgiu-me, de novo, muito recentemente. Pesquisei um nadinha de nada sobre ele e este "Ernestina" apareceu-me como sendo a sua obra-prima. Calhou também ser o livro do dia, quando lá estive e trouxe-o. 


Não estou aos pulos como em outros anos, porque não sei o que esperar destes livros. Vou navegar no total desconhecido. Podem ser livros que irei amar para o resto dos meus dias, ou podem ser livros que irei amargurar o dinheiro que dei por eles. Quem sabe?

Não estou extasiada, mas sinto aquele nervoso miudinho de quem vai conhecer outro alguém pela primeira vez. Borboletas no estômago e não sei o quê mais. 

Alguém ainda me lê? Já leram estes livros? 

segunda-feira, 10 de junho de 2024

Atualização de leitura

Decidi começar a ler o clássico Anna Karenina quase a fechar o mês de Fevereiro.

Tinha terminado " Um Gentleman em Moscovo", e o protagonista referia várias vezes este livro de Tolstói. Sucedia que o mesmo livro residia nas minhas estantes há 3 anos e a única leitura que eu tinha feito havia sido a da fatura de compra.

Lancei-me nesta empreitada. Vou, sensivelmente, a meio.

Genericamente, estou a gostar dos arcos principais, mas, no entanto, contudo, a Anna, até este momento, é uma personagem menos entusiasmante do que eu esperava. Estou a gostar mais da história do Lióvin e da Kitty - e nem sei bem explicar porquê. 

Mas, aos poucos vou avançando. Já passei por capítulos onde fala dos direitos das mulheres (nomeadamente, à educação e à ocupar lugares públicos), sobre as condições laborais, sobre o direito à propriedade, sobre a diferença entre homens e mulheres no casamento... Está a ser uma viagem incrível.

Lamento muito pelas pessoas que não conseguem apreciar a beleza e a riqueza que a leituras lhes pode proporcionar. Honestamente. 

sábado, 1 de junho de 2024

Se os Gatos Desaparecessem do Mundo, de Genki Kawamura

Para o clube de leitura, tínhamos o desafio de ler um livro que tivesse gatos. Pesquisei um pouco e decidi ler Se os Gatos Desaparecessem do Mundo, de Genki Kawamura. 

Declaração prévia: não adorei. É um livro pequenino que se lê muito bem e rápido, mas senti que ficou um pouco aquém. Talvez as minhas expetativas estivessem altas depois de ler os livros sobre a livraria Morisaki... 

O nosso protagonista é um jovem carteiro que descobre ter pouco tempo de vida. A mãe faleceu, está afastado do pai (física e emocionalmente) e vive sozinho. Sozinho, é um exagero, vá: vive com o seu gato Repolho. 


Ao chegar a casa, apercebe-se que não está sozinho. O Diabo - em pessoa! - veio fazer um trato: por cada objeto do quotidiano que o nosso protagonista faça desaparecer do mundo, ganha mais um dia de vida.

Esta história foca essencialmente na importância das pequenas coisas: no final, que é efetivamente importante para nós? Com a pressa dos dias, talvez demos demasiado tempo de antena aos smartphones e a todas as tecnologias, mas até onde é que poderíamos, hoje, viver sem elas?

É também um livro sobre o perdão, sobre a inevitabilidade, sobre a dualidade da vida e da morte...

O meu problema com este livro é que percebi imediatamente onde é que iria parar e não senti grande empatia com o protagonista. Foi tudo muito contado pela rama e demasiado previsível. Mesmo o facto do livro se chamar "Se os Gatos Desaparecessem do Mundo", esperava que estes bichanitos tivessem mais páginas.

Li o livro até ao fim. Não adorei, como já disse anteriormente, mas é um livro fofo. Não perdem o vosso tempo a lê-lo (tem cento e pouquinhas páginas) é isso que quer dizer. Mas se tiverem que escolher entre este livro e outro qualquer, pesem as hipóteses. É um bom livro de praia, por exemplo.