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segunda-feira, 25 de junho de 2018

Lido: O Poder, de Naomi Alderman

Quase um mês sem escrever. Acho que bati o meu recorde de dias sem postar no Capa Mole. Os dias foram feitos apenas com 24 horas, e por muito boa gestão que faça, o blogue foi deixado em pousio.

Um dos livros que terminei, nestes dias foi O Poder, de Naomi Alderman - cortesia da Saída de Emergência. Comecei a lê-lo com bastante entusiasmo, depois ia alternando com o 2666, de Roberto Bolaño (que, by the way,  ainda não vou sequer a meio), depois uns dias sem ler nada... e quando dei por mim, andava literalmente a passeá-lo de carro todos os dias, sem lhe pegar. Quando voltei a ele, li-o todo em menos de 24 horas.

Considero O Poder, de Naomi Alderman, muito ao nível do Handmaid's Tale da Margaret Atwood (que adorei!!), e muito muito atual. Trata-se de um livro sobre um livro que retrata uma realidade alternativa, distópica... as raparigas, adolescentes, de repente, ganham um estranho poder que lhes permite magoar, fisicamente, os homens. Um poder, que se caracteriza por uma meada na clavícula, e que se manifesta como uma descarga elétrica e que, inclusivamente, pode ser transmitido às mulheres que não o possuem - normalmente, as mais velhas.

Nesta obra, seguimos vários personagens: um jornalista freelancer, e várias raparigas que detém esse poder e que o usam como ferramenta para alcançar objetivos pessoais.

"Trata-se de um livro sobre um livro", escrevi acima, porque, no fundo estamos a ler o manuscrito de um livro que um homem - anos mais tarde aos acontecimentos narrados - apresenta a uma editora. Não estou a spoilar, porque é desta forma que nos é apresentado O Poder, logo nas páginas iniciais.

Escrevi também que se trata de uma obra muito atual. Nos dias de hoje, não passa um dia sem que a expressão "feminismo" seja abordada nos media. E aqui, vemos - de forma exacerbada, claro está - como poderia ser uma sociedade dominada pelas mulheres, em que estas detém o controlo absoluto sobre os homens. A determinado momento, são impostas regras aos homens: não podem sair de casa sem ser acompanhado, ou com autorização de uma mulher da família, não podem conduzir, não podem fazer compras sem uma autorização expressa da tutora... onde é que já ouvimos isto antes? Nesta obra, também a religião assume uma rédea bastante poderosa da ação… mas só lendo… vá, façam-me esse favor: procurem nos escaparates O Poder!!!

Gostei imenso. A escrita é bastante fluída, ao ponto de ter estado alguns dias sem o ler e quando voltei a ele, distingui, claramente, todos os protagonistas e relembrei cada detalhe das suas histórias, como se nunca o tivesse deixado.

Acho, com toda a franqueza, que quem o ler, ficará com uma visão diferente daquilo que nos rodeia e ansiará pelo dia em que homens e mulheres tenham participações realmente equitativas e equilibradas em todas as sociedades. Quem não o ler, perderá uma excelente obra, com um ponto de vista, totalmente diferente daquilo que é, habitualmente, romanceado.

Sobre este livro, já havia escrito no início do mês de maio: 

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