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domingo, 28 de julho de 2024

Grishaverse, aqui vamos nós!

Imagem retirada da net, referente à série. 









Cristina Maria, tu, que andavas tão atinadinha a publicar no blogue, de repente, deu-se-te um vento e paraste. Não leste mais nada desde a Circe? - oiço a vossa ânsia.

A resposta é simples: li, sim, senhores, mas as semanas de calor dos infernos deram-me aquilo que se chama de preguiça e não conseguia fazer outra coisa que existir no mundo.

Nestes dias, já li o 1° volume da trilogia Grisha de Leigh Bardugo. Vi a série da Netflix quando saiu, achei engraçadinha e apeteceu-me agora ler os livros.

Alina e Mal são dois jovens, aparentemente, comuns. Ambos encontram-se nas fileiras do Primeiro Exército de Ravka: ela como cartógrafa e ele como batedor.

Estamos num mundo em que certas pessoas possuem poderes - são os Grisha.

A história começa realmente quando têm de atravessar uma faixa de território que, há séculos, vive na escuridão e é habitada por criaturas malignas, os volcras. Nessa travessia, o transporte onde Alina e Mal viajam é atacado e a rapariga revela, de forma totalmente inesperada, um poder extraordinário.

A partir de então, tudo se desenrola de forma muito rápida. Alina é levada à presença de Darkling, o líder dos Grisha, que afirma que Alina é a Invocadora do Sol, e que só ela conseguirá salvar Rakva.

Alina começa então a receber treino Grisha para aprender a controlar o seu poder, mas é alertada para o facto de Darkling não querer salvar Ravka, mas aumentar o seu poder, dominar Ravka e todos os territórios à sua volta e escravizá-la.

É isto em linhas muito muito gerais. Trata-se de um "young adult", mas a autora escreveu-o de forma suficientemente interessante, para me levar a começar, de imediato, o 2° volume (e já vou a mais de meio).

As ordens Grisha são muito curiosas. Existe uma hierarquia, em que alguns Grisha são mais importantes do que outros: uns controlam os elementos, outros conseguem fazer parar o coração do inimigo apenas com um gesto, outros conseguem dominar aço, outros, o aspeto físico, etc...

É um bom livro para não intelectualizar. Às vezes, tudo o que precisamos é de ler sobre magia inexplicável, e onde os bons penam, mas ganha m sempre. 

sábado, 13 de julho de 2024

Lido: Circe, de Madeline Miller

"Cristina Maria, há menos de um mês, apresentaste as compras da Feira do Livro e ainda os livros que tens em fila de espera para serem lidos. Já leste algum deles?" 

"Pois claro que não!", é a minha resposta honesta.

Mas li o livro Circe, da Madeline Miller. Estava na lista de leituras? Também não. Mas foi o que me apetecia na altura. E calhou bem, porque o Henrique anda a ler a série do Percy Jackson, que também é sobre mitologia grega e fizemos "pandã". Por isso, deslarguem-me.

Circe é a ovelha negra da família. O pai é Hélio, o Deus do Sol, e a mãe é a ninfa Perseis. Tem mais 3 irmãos, mas todos eles belos e resplandecentes. Circe nunca pareceu encaixar.

Um dia, depois de vários eventos, é exilada na ilha de Eana e é aí que desenvolve e atinge o pleno potencial das suas habilidades como bruxa.

Este livro é um desfilar de figuras da mitologia grega, tornando a leitura muito muito interessante, porque há toda uma linha que podemos seguir sem nunca parar. Todas as divindades ligadas por laços de parentesco que podemos ir descobrindo. Nunca me ocorreu, por exemplo, que a própria Circe é tia do Minotauro. 

Foi uma leitura muito divertida, porque pude ir comentando com o Henrique, dado que ele se encontra a ler um livro dentro do mesmo universo temático. 

Leitura 4 estrelas, sem dúvida alguma. 

terça-feira, 9 de julho de 2024

Audiolivro - Romance de Verão

Como leitura do clube a que pertenço, tínhamos que ler um livro que se passasse no verão. Ou sobre o verão. Que de alguma forma estivesse relacionado com esta época do ano.

Como tinha Anna Karenina entre mãos, pensei numa coisinha mais leve, que pudesse ir intercalando, mas que também não me tomasse muito tempo. 

Optei por escolher o livro Romance de Verão, em formato áudio, que comprei pela aplicação Kobo Books. Como no trabalho estamos a passar por uma época menos caótica, daria para ouvir no escritório sem grandes stresses ou quando estivesse em casa a tratar de roupas, por exemplo.

Este pareceu-me ter uma trama simples que podia ser engraçada, ao mesmo tempo.

January é uma escritora de livros cor-de-rosa. Daqueles que têm sempre um final feliz. De momento, está a passar por um aperto. O pai morreu há cerca de um ano e ela tem até ao fim do verão para entregar um novo livro à editora. Além de estar praticamente sem dinheiro, com a morte do pai, descobriu que ele traiu a mãe, durante algum tempo.

O pai deixou-lhe uma casa (casa essa onde ele costumava encontrar-se com a amante) e January decide que vai vender a casa, para conseguir algum dinheiro para se aguentar enquanto não recebe os proveitos do livro que tem 3 meses para entregar e que ainda nem sequer começou a escrever.

Imediatamente apercebe-se da existência de um vizinho na casa ao lado e, mesmo não conseguindo vislumbrá-lo devido à escuridão, as primeiras impressões são péssimas. No dia seguinte à sua chegada, descobre que o vizinho é um ex colega da faculdade, Augustus, também ele escritor, e por quem ela teve um "crush". Tem tudo para correr mal. Ou bem.

Blábláblá... Eles desafiam-se: ele, um escritor de literatura "séria" vai apresentar à editora um livro cor-de-rosa, e ela, um romance sério. A ideia será publicarem sob pseudónimos, e ver quem vende mais e em primeiro lugar.

Para isso, ela vai levá-lo a encontros daqueles que só se vêem nos romances de amor, e ele leva-a em investigação aos meandros de uma seita, para o seu livro.

A ideia está gira e, no geral, é uma leitura (neste meu caso, uma audição) divertida. Mas, muitas vezes, ia-me lembrando porque deixei de ler romances. A protagonista consegue ser tão chata. "Ai que ele anda a gozar com a minha cara", "ai que ele afinal não me ama" (spoiler: eles apaixonam-se!!! Imagino o vosso choque com esta revelação!), "ai que ele foi atender uma chamada e não me deixou ouvir"... Mulher, sabes o que é "privacidade"???

Juro que não percebo quem leu as 50 Sombras de Grey. As partes do livro em que a autora descreve o enrolanço dos 2 são entediantes... 

Dei 3 estrelas. Não é mau, também não é bom. É bonzinho, vá. Tem partes francamente engraçadas, a escrita da autora é interessante, e conseguiu incluir vários temas complicados (cancro, relacionamentos, seitas religiosas) sem ser nem demasiado condescendente nem vitimista/vitimizadora. Faz sentido o que escrevi? 

A narração foi pela atriz (e dobrador) Diana Nicolau. Narração impecável, voz bonita, e "props" para estar sempre a mudar o registo conforme as personagens - January, Gus, Peter, Maggie, a amiga da January (não me lembro do nome) e a mãe da January. Seis registos de voz diferentes numa narração de cerca de 10 horas. 


sábado, 6 de julho de 2024

Anna Karenina - a derradeira atualização

Terminei Anna Karenina. Comecei ler este livro no dia 21 de Fevereiro e terminei passados 4 meses exatos, a 21 de Junho. Sim, tive este post em rascunho até hoje... Mea culpa! 

Não foi, de todo, uma leitura fácil. Houve alturas em que amaldiçoei a minha triste ideia. Houve alturas em que simplesmente nem olhava para o livro. Houve outras alturas em que li 100 páginas num único dia.

Não sabia nada deste livro. Nunca vi o filme, e conhecia os mínimos olímpicos do enredo: estamos na Rússia dos príncipes e das princesas, e uma jovem nobre casada apaixona-se por um jovem oficial solteiro e existe todo um escândalo. Ponto. Tudo isto era o meu conhecimento sobre a obra.

Anna Karenina é casada há vários anos com Alexei Alexandrovich Karenin, um alto funcionário público. O esposo é muito mais velho que ela é e amor existente naquela relação é muito pouco. O casal tem um filho, Serioja, que é todo o mundo de Anna. 

Numa visita ao irmão - ironicamente, para conversar com a cunhada, sobre a recente descoberta de uma situação de adultério - Anna viaja, de comboio, com a Condessa Vronskaya, mãe de Vronsky, o jovem militar por quem irá cair de amores. 

O falatório na sociedade começa, mas convém relembrar que estamos numa  época em que o divórcio não era tão linear como nos dias de hoje, e o marido de Anna não deseja prestar-se... ou reduzir-se... não sei bem que expressão usar... ao papel de homem enganado e divorciado. Anna engravida do amante, e deixa o casamento e o filho Serioja, com a esperança que o marido lhe dê o divórcio.

Spoiler: isso não acontece. 

Sob a perspetiva do século XXI, Anna Karenina é uma mulher que precisava desesperadamente de uma consulta de psicologia. A segunda gravidez quase a mata e, notoriamente, teve uma depressão pós-partos, aliada ao exílio da alta sociedade. 

Os eventos sucedem-se rapidamente (se excluirmos todas as intensas descrições de tudo e mais um par de botas do autor) e o escalar do desespero de Anna, às vezes, é quase doloroso de ler. 

Intercalando, tínhamos também o arco do irmão de Anna, Oblonski, e a esposa Dolly, e o do abastado proprietário Liovin, loucamente apaixonado pela jovem Kitty, que inicialmente o rejeita por estar apaixonada... por Vronsky. 

Sou franca quando digo que Anna, por vezes, me irritava um pouco. Deixa o marido, não deixa o marido, quer estar com Vronsky, afasta Vronsky, ama-o, mas discute com ele para ver até onde vai o amor que ele sente por ela, tem ciúmes, mas flirta com Liovin... Tantos altos e baixos, faziam com que não me deixasse criar uma verdadeira empatia com ela. Pessoalmente, achei o desenvolvimento de Kitty mais interessante. 

É a mais nova das irmãs e é cortejada tanto por Liovin, apaixonado por ela há anos, e por Vronsky, que não quer nada sério com ela. Mortificada de humilhação quando percebe as intenções de Vronsky, adoece e vai viajar com os pais. Com este afastamento temporário, mete tudo em perspetiva, e acaba por conhecer outras pessoas e realidades. Apercebe-se do que verdadeiramente quer e quando volta a estar com Liovin, cujo pedido de casamento já tinha recusado uma vez, mostra-se mais crescida do que é realmente (18 anos). Mostra fibra quando confrontada com problemas que a poderiam fazer vacilar e sem "mimimis".

O final de Anna é, obviamente, trágico como seria de esperar.

Não dei estrelas a este livro. Fosse qual fosse  a estrela que desse, iria sentir que não estava a ser inteiramente justa comigo e com a minha experiência de leitura ou com a própria obra que é, sem dúvida, um monumento literário.