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sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Tóquio Express, de Seichō Matsumoto

Começamos com a descoberta de dois corpo na Baía de Hakata. Um homem jovem, vestido à ocidental, e uma mulher, também jovem, com um quimono. Tudo indica que se tratou de um suicídio entre dois amantes. 

Mas o inspetor Torigai acha que há algo mais. Os seus anos de experiência dizem-lhe que estás mortes não foram assim tão lineares. Aquilo que mais lhe desperta os sentidos é o facto do homem ter consigo o fatura de uma única refeição que fez a bordo do comboio que o levou àquele ponto. Uma única refeição para uma única pessoa. 

Partilha as suas dúvidas com o mais novo inspetor Mihara, que, de Tóquio, foi destacado para trabalhar naquele caso. As chefias querem apenas a confirmação que se trata de um duplo suicídio para fecharem definitivamente o caso. 

Mas Mihara levou em consideração as suspeitas do velho inspetor Torigai e começa a escrutinar cada pormenor que pode envolver um gigantesco caso de corrupção no governo.

Este livro ambienta-se no final dos anos 50, na zona de Tóquio, mas estive permanentemente com o livro "Os crimes do ABC" de Agatha Christie em mente. Talvez pela coincidência dos comboios e a rede ferroviária serem os grandes protagonistas. 

Mihara, por alguma razão, também me fez lembrar Poirot que não se deixava nunca cegar pelo óbvio - procurava fazer as suas próprias deduções e chegar a uma conclusão satisfatória justa. 

Gostei imenso deste livro: li-o em pouquíssimos dias (2 dias e pouco). É um livro com menos de 200 páginas, mas com um ritmo muito satisfatório. 

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Na minha família todos mataram alguém, de Benjamin Stevenson

Pelo menos, uma vez por ano, gosto de ler um livro incomum de mortes.
Já li: Como matar a tua família, de Bella Mackie, e O meu homicídio, de Katie Williams. 

Agora cheguei ao livro que ganha pelo título mais longo: Na minha família todos mataram alguém, de Benjamin Stevenson.

Este é um livro que, imediatamente, nas primeiras páginas diz ao que vai. O próprio narrador diz em que páginas vão acontecer cenas de crimes - não há cá escondidinho de matanças para ninguém. Ou será que há?

O nosso protagonista é Ernesto Cunningham, um autor daquele tipo de livros "Dicas para escrever um policial de sucesso". 

Logo sabemos que, por causa de denúncia dele, o irmão Michael encontra-se na prisão - depois de ter morto alguém. Mas a saída está para breve. 

Numa tentativa de reunir toda a família, a tia Katherine organiza um encontro num hotel na montanha. O problema? A família Cunningham é conhecida por ser altamente disfuncional. O pai de Ernest era, aliás, um criminoso de carreira, conhecido por ter morto a tiro um polícia.

E, após a primeira noite, surge o primeiro cadáver. 

O livro é divertidíssimo. O Ernest assume o papel de detetive-amador e tenta encontrar o culpado (ou culpados) pelos corpos que se começam a acumular. A quarta parede, essa então, é quebrada em todos os capítulos. E vamos sabendo o que se passa sempre pelos olhos e ouvidos dele. Resta-nos tentar juntar as peças mais depressa do que ele. 

Mas o caminho até chegarmos à meta é hilariante. 

Sei que o novo livro do autor volta a ter Ernest Cunningham como protagonista, mas este livro lê-se perfeitamente sozinho. 

domingo, 19 de outubro de 2025

Frankstein, de Mary Shelley, por Junji Ito

Esta semana, consegui também terminar este livro.


No regresso de Barcelona, quando estávamos a fazer tempo no aeroporto, vi esta belezura que teve de vir comigo. 

O traço é magnífico. Foi a primeira coisa que me chamou a atenção. O interior é inteiramente a preto-e-branco... Cor existe apenas nesta capa que é um quadro autêntico.

Mas, nesta obra de arte, não está apenas a história de Frankstein e do seu monstro, pensada por Mary Shelley e desenhada por Junji Ito. Está também uma coleção de histórias de Oshikiri, um estudante de liceu que se vê a viver, sozinho, numa enorme mansão que tem ligações com universos paralelos. Oshikiri vê, por exemplo, um seu outro eu a cometer crimes horríveis, que não tem como provar...

Mas o desenho... o medo que ele conseguiu transmitir em cada traço.
Nas histórias de Oshikiri, cheguei a sentir-me realmente aterrorizada e enclausurada.

Li este livro, no âmbito do clube de leitura, Regaleira de Livros, cujo tema de outubro é gótico/terror. 

Se tiverem a oportunidade de lhe deitar a mão, não hesitem.

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

O Abismo, de Yrsa Sigurdardóttir

Terminei agora de ler o segundo volume da série "DNA" da escritora islandesa Yrsa Sigurdardóttir. 

O primeiro livro, O Legado, apresentou-nos a psicóloga infantil Freyja e o investigador da polícia Huldar. 

Começamos a ação em Setembro de 2004. A pequena Brá está à porta da escola, à espera que o pai a venha buscar. Sendo a aluna nova, não conhece muita gente e acaba por encetar conversa com uma outra criança que reconhece ser da sua turma. Brá acaba por convencer a colega a deixá-la usar o telefone de sua casa, visto que vive muito perto de recinto escolar. A colega, a contragosto, concorda. Foi a ultima vez que foi vista. 

Saltamos para 2016, e Huldar está a colher o que semeou. O caso do livro anterior "apenas" lhe rendeu uma despromoção. O que tem em mãos é aparentemente simples: um grupo de estudantes, há 10 anos, enterrou uma cápsula com cartas para ser aberta mais tarde. Chegou a data de abertura e lá dentro, além das cartas, existe uma outra com aquilo que parece ser uma lista de pessoas a abater. Quem a terá escrito?

Com a ajuda de Freyja, consegue identificar o rapaz que terá escrito a lista, mas acabam, rapidamente, por perceber que ele é filho do homem acusado de violar e matar a pequena Brá.

Thröstur, o rapaz, é alguém muito revoltado com a vida. Diz que não se lembra de carta alguma. Até que as pessoas da lista começam efetivamente a aparecer mortas... Quem são estas pessoas? 

Escrita magnética que nos faz querer continuar a virar páginas como se o mundo dependesse desse gesto. Não recomendado a pessoas de estômago frágil: existem cenas muito descritivas de maldade pura.

domingo, 5 de outubro de 2025

Livros lidos - parte II

Como prometido, aqui está a parte II dos resumos dos livros que li desde 13 de agosto. 

- Seca, de Neal e Jarrod Shusterman: este livro foi lido no contexto do clube Regaleira de Livros. O tema de setembro era ler um livro com capa cor-de-laranja e escolhi este. Sabia que tinha havido bastante sururu na altura em que o livro foi lançado, mas não conhecia nada do enredo. Alterações climáticas e tal e temos uma Califórnia a passar por uma seca terrível. A água é racionada à gota. Até que é criada a iniciativa "Fechar da Torneira" e nem mas uma gota cai das torneiras de todo o território. Quem tinha reservas tem de as defender. Quem não tinha reservas, luta por elas. Instala-se um clima de terror em que cada pessoa está por si mesma. Este é um livro Young Adult, mas lê-se perfeitamente bem. Seguimos um conjunto de personagens: os irmãos Alyssa e Garrett, o vizinho de ambos Kelton, uma rapariga sem abrigo Jacqui e um rapaz de caráter muito duvidoso Henry. Os cinco sobrevivem juntos a coisas que crianças e adolescentes não deveriam ter de ultrapassar. Livro fantástico e que ajuda a pôr em perspectiva muitas coisas que tomamos como certas. 


- A Morte Eterna, de Liu Cixin: a terceira e última parte da trilogia que começou com O Problema dos Três Corpos. 
A Humanidade está num nível de avanço tecnológico que nós, os humanos de 2025 nem sequer perspetivamos. Nesta altura do livro, já estamos cerca de 200/300 anos à frente do nosso presente, este que estamos a viver agora. Trisolaris, entretanto, deixou de ser a nossa maior ameaça, mas o fim do Sistema Solar está cada vez mais próximo porque... guess what? Os Trisolarianos não eram a única civilização a escutar os nossos ecos pelo espaço profundo. É uma trilogia muito bem construída, mas volto a dizer: não é fácil de ler. Há demasiados conceitos de física, fusão nuclear, astronomia, engenharia aeroespacial que são eles os verdadeiros protagonistas. Tentei passar pelos pingos da chuva e tentar absorver o arco principal, mas acredito que tenha havido partes que simplesmente não entendi. E não faz mal. Gostei bastante do final. Ficou meio em aberto, mas fez sentido. Porque afinal de contas ninguém vivo nos pode contar como foi o Big Bang. 
Sobre este livro, tenho de reclamar: que merda, Relógio d' Água? Qual foi a ideia da lombada deste livro ser diferente das dos livros anteriores? O designer estava bêbado? Despediram-no e pediram ao estagiário que desenrascasse qualquer coisa no Paint?

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Livros lidos

Sou particularmente fã da minha linha de pensamento que acha, genuinamente, que vai ter o blogue atualizado. Juro que não faço por mal.

Cada vez que atualizo o blogue, digo para mim mesma que sou melhor, que sou uma pessoa mais madura e responsável e creio, com todas as forças do meu coração, que daí em diante irei ser mais regular a publicar as resenhas dos livros que leio. A minha última publicação foi a 13 de agosto. Quase 2 meses. Estou envergonhada, claro que sim. Mas também estou consciente que não dou mais que isto. 

Sou uma senhora que já não tem a mesma energia que tinha quando abriu o boteco. Olhem, é saber lidar. 

"E o que leste tu, Cristina Maria, nestes quase dois meses?". Li 4 livros, caro leitor. O último terminei-o há poucas horas. 

Vou dividir isto em duas partes para não ficar um texto gigante. A parte II sai daqui a 2 dias.

- Regras da Cortesia, de Amor Towles: nesta história, acompanhamos a história de Katey, Tinker e Eve. Estamos em Nova Iorque, no final dos anos 30, naquele bulício delicioso que costumamos ver nos filmes. Tudo cheira a glamour. Katey e Eve são amigas e vivem de forma remediada. E nessa passagem de ano, de 1937 para 1938, conhecem Tinker, um jovem abastado, de boas famílias e nasce entre os 3 uma amizade peculiar, para dizer o mínimo. É um livro muito interessante, lê-se rapidamente e tem aquele estilozinho que já se reconhece em Amor Towles que é a nobre arte de não encher chouriços. Tudo o que aparece na narrativa tem um propósito. Mas ainda assim, gostei mais do Gentleman em Moscovo.


- O Legado, de Yrsa Sigurdardóttir: era Verão, e apetecia-me ler um policial meio macabro. Não lia nada do género há que vidas e deu-me para aí. Estamos em Reiquiavique e uma mulher aparece brutalmente assassinada em sua casa. Quero sublinhar que quando escrevi "brutalmente assassinada" quero dizer MESMO brutalmente assassinada. Assim, com laivos de tortura sádica. A filha da mulher é testemunha. Escondeu-se debaixo da cama da mãe quando a matança estava a ter lugar e ouviu tudo. Mas recusa-se a falar. Noutro ponto da cidade, pouco depois, outra mulher, mais velha, também é brutalmente assassinada (lide disclaimer já realizado acima). Não há pistas, e a polícia tenta fazer de tudo para que a criança fale. Noutro ponto da cidade, um jovem recebe umas mensagens estranhas através de radioamador. Ele não sabe ainda, mas vai ser ligada a estes assassinatos. Gostei muito. A psicopata em mim tirou notas.

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Leituras da últimas semanas - a atualização!!

 Absolutamente ridícula, esta situação. Cá estou, novamente, na posição de não publicar nada há semanas. 

Desde a Lucy Barton, já li: 

- os livros "1794" e "1795" de Niklas Natt Och Dag (já tinha lido o "1793" há coisa de 4 anos)

- "Hamnet" de Maggie O'Farrell - a minha ex-colega de trabalho emprestou-mo quando saí da empresa. É um livro sobre a família de Shakespeare. Começa com ele novinho, a conhecer aquela que será a sua esposa, o nascimento dos filhos, a morte de um deles e o processo de luto de Shakespeare e o da mulher. 

- "Os Filhos do Império" de Yodori - é uma graphic novel que comprei há relativamente pouco tempo e, mais ou menos, por impulso. Já tinha visto videos (poucos!) sobre ele e achei a arte lindíssima. Agora é esperar pela continuação... 

- "O Homem do Casaco Vermelho" de Julian Barnes - comprei este livro, no ano passado, na Feira do Livro de Lisboa. Como disse num post anterior, comecei a lê-lo no dia do apagão, no mês de abril. Depois, outras leituras passaram à frente, e quando o retomei, percebi que não me lembrava de nada. Recomecei a leitura e tive de a levar em frente, mesmo quando, às vezes não estivesse para aí virada. Fala de várias personagens históricas, mas os principais protagonistas eram 3: o médico Samuel Pozzi (a personagem central da pintura O Homem do Casaco Vermelho, que deu nome ao livros e a verdadeira peça central deste livro), o príncipe Edmond de Polignac e o conde Robert de Montesquieu. É um retrato da Belle Époque francesa e de todos os seus filhos. Gostei muito, mas não é uma literatura simples. 



domingo, 22 de junho de 2025

Lido: O meu nome é Lucy Barton, de Elisabeth Strout

Dos quatro livrinhos que comprei na Feira do Livro no início do mês, estava mesmo em pulgas para começar a ler O meu nome é Lucy Barton, de Elisabeth Strout.

Já tinha ouvidos uns zunzuns e a capa sempre me atraiu - e nem sou capaz de explicar bem o porquê, sou franca.

Lucy Barton está no hospital. Teve umas complicações depois de uma cirurgia ao apêndice, e acabou ter de ficar internada
Estamos algures nos anos 80, e a monotonia instala-se. Pouco tem falado com o marido e as filhas, e além da rotina das visitas das enfermeiras e do médico, pouco mais faz. 

Até ao dia em que a mãe aparece. Não se  falavam há anos, e aquela presença repentina é, francamente, uma surpresa para Lucy. Mas esta visita não é tão inócua como possa parecer. 

As conversas (cautelosas) que mãe e filha mantêm dão a entender, subtilmente, toda a dinâmica familiar da infância de Lucy: a pobreza, a negligência, as humilhações, a falta de afeto... E são vários os sentimentos que vêm à tona. 

Composto por capítulos curtos, e sempre na primeira pessoa, vamos acompanhando Lucy nas suas memórias, nas descrições carregadas de sentimentos (às vezes) contraditórios e, não são raras as vezes que temos de entender subtextos no que é dito entre as duas, e especialmente, naquilo que não é dito. 

Mas é, ao mesmo tempo, uma história de superação. E de solidão. De compaixão. E de perdão. 

É um livro pequeno - 173 páginas - que nos enchem todas as medidas. 

Encontrei alguns paralelismos com o livro Uma Educação de Tara Westover, apesar deste ser uma autobiografia. 

Tanto Lucy (personagem ficciona), como Tara nasceram e cresceram em comunidades pequenas, religiosas, e tiveram infâncias socialmente solitárias, com famílias emocionalmente distantes. 
Ambas, apesar de tudo, tiveram a força e a coragem, de deixar tudo para trás e procurarem o futuro que mereciam. 

Lucy torna-se uma escritora de sucesso, e inicia aí o seu processo de cura. Tara Westover encontra o seu caminho na educação, e acaba a estudar em Universidades reconhecidas internacionalmente. 

Sei que a história de Lucy Barton não termina aqui. Sei que existem outros livros com esta personagem, e creio, que o ano não termina sem que eu conheça toda a vida dela, até à última página.

quarta-feira, 18 de junho de 2025

Outras leituras em curso

 

Lembram-se do famigerado dia do apagão? Pois bem, depois de ter panicado um bocadinho quando não estava a conseguir falar com o Henrique, e depois desse momento ter passado, o patrão mandou o pessoal mais cedo para casa. 

Como bem mandada que sou, vim. E como o dia estava bom, e não havia muito mais que fazer, estive na varanda a tentar ler um pouco. Decidi-me por um dos livros que comprei na Feira do Livro de Lisboa no ano passado. 

Comecei a lê-lo e passado o apagão, não lhe voltei a pegar. Erro crasso. Este é um daqueles livros que ou bem o lemos de uma vez ou estamos fritos, porque não é um livro linear, e não tem uma história com os "normais" princípio, meio e fim. Há uns dias tentei retomar a leitura e percebi que não há volta a dar: terei de o recomeçar...

Depois, tentarei dar um update dos meus intentos (porque de boas intenções está o Inferno a abarrotar!)...

domingo, 15 de junho de 2025

Feira do Livro de Lisboa

Todos os anos, ir à Feira do Livro de Lisboa é uma perdição. Uma pessoa vai, e volta com um ligeiro rombo na carteira. 

Ao contrário do ano passado que não vim particularmente entusiasmada, este ano, de entre os livros que queria, vi quais eram Livro do Dia e consegui trazer 4 que me estão a deixar em pulgas...

Em primeiro lugar, finalmente ganhei coragem para o Filho da Mãe do Hugo Gonçalves. Dos quatro, este é aquele que me orgulho mais em ter comprado. E creio que deva ser por aí que irei começar...

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Trilogia Arco de um Ceifador, de Neal Shusterman

No momento em que estou a escrever este texto, estou a cerca de 1/4 do terceiro livros da trilogia que iniciou com O Ceifador. 

Há muito que andava com estes livros debaixo de olho depois de meninas do grupo de leitura terem falado muito bem deles.

E, apesar de ainda não ter terminado, arriscam-se perfeitamente a serem dos meus preferidos do ano. Em tempos, escrevi no Instagram que, às vezes, o que precisamos mesmo é de qualquer coisa leve e diferente do nosso dia-a-dia; pode ser uma história de fantasia com um@ protagonista adolescente que domina dragões (ou outro super-poder qualquer), ou até mesmo uma história distópico-fantasiosa em que a morte natural não existe. 

Tenho lido um atrás do outro e estou, verdadeiramente, a arrepender-me dessa decisão, porque, a este ritmo, vou acabar num instante e depois vou ficar a carpir as minhas mágoas...

Mas fiquem com essa sugestão. 

segunda-feira, 9 de junho de 2025

Am I back?

Estarei de volta? Os últimos meses foram loucos, de várias reviravoltas que me consumiram tempo, esse bem tão precioso. 

Não deixei de ler, obviamente, mas a minha disponibilidade para publicar neste espaço tem sido, consideravelmente, menor. 

Desde fevereiro, já li: 
A Filha do Barão e Uma Mulher Respeitável, de Célia Correia Loureiro -juntei estes títulos por ser uma duologia.

Chocolate quente às quintas feiras, de Michiko Aoyama

A balada dos pássaros e das serpentes, de Suzanne Collins

O livro das ilusões, de Paul Auster

A loja coreana das segundas oportunidades, Kim Ho-yeon

Fome, de Knut Hamsun

Os que sucumbem e os que se salvam, de Primo Levi

A Raposa e o Pequeno Tanuki - Vol.1, de Mi Tagawa

Luanda, Lisboa, Paraíso, de Djaimilia Pereira de Almeida

As rosas de Atacama, de Luis Sepúlveda

Os Testamentos, de Margaret Atwood

O Homem Mais Feliz do Mundo, de Eddie Jaku

Genericamente foram livros entre o bom e o muito bom, mas infelizmente, não vou ser capaz de escrutinar cada um deles. Peço, desde já, desculpa por isso.
Obviamente, gostei mais de uns do que de outros. Houve uns que chorei horrores, e outros que, apesar de não serem maus, me esgotavam a paciência... 
Houve uns que foram 5 estrelas sem pensar e outros que ainda hoje me deixam a pensar se gostei muito, pouco ou assim-assim. 

Não vou prometer, vir a ser mais regular nas minhas presenças no blogue. Prometo que tentarei.

Ahh e comprei um Kobo. Uma prenda de aniversário de mim para mim 😁

sábado, 1 de fevereiro de 2025

Silo, de Hugh Howey

Vi a primeira temporada da série da Apple TV ainda em 2024, e fiquei maravilhada. 

E, em janeiro, quando no clube de leitura "Regaleira de Livros" ficou decidido que o tema mensal era "distopia", achei que, entre as opções que tinha em cima da mesa, era o que mais me interessava.

Temos uma comunidade que vive dentro de um silo subterrâneo há mais de 140 anos. São cerca de 140 andares. No topo, estão as instituições do poder, nos pisos intermédios estão alguns serviços essenciais (por exemplo, o berçário) e nos últimos, estão as profissões, ditas, menores. 

Começamos esta saga com o xerife Holston a ser enviado para a "limpeza". Vivemos num mundo pós-apocalíptico. O mundo, fora do silo, é tóxico e altamente mortífero. Só dentro do silo existe ordem e paz. Contudo, aqueles que, de alguma forma, não cumprem as ordens são mandados "limpar": terão de sair do silo, equipados dentro de um fato especial, com equipamento para limpar as câmaras que permitem aos residentes ver o mundo lá fora. Ninguém sobrevive.

A esposa do xerife havia sido mandada limpar uns anos antes, depois de se convencer que o mundo lá fora não era exatamente como parecia e, que de alguma forma, todos os habitantes do silo estavam a ser enganados. O xerife não aguentou a solidão e pediu para sair. Nisto, entra a nossa protagonista, Juliette Nichols, uma mecânica dos pisos inferiores que, tempos antes, ajudou o xerife num caso. 

Inteligente, impulsiva e reservada, Juliette não é só agrado de todos os detentores do poder: Bernard, chefe da Informática, não esconde que o seu eleito para o lugar era outra pessoa da sua confiança. 

Nisto, a prefeita Jahns e o xerife adjunto Marnes, os únicos da "equipa Nichols" morrem, e Bernard torna-se prefeito interino, e tenta fazer da vida de Juliette um inferno.

Até que num golpe, condena Juliette a ir "limpar". Chega o dia, e Juliette sai do silo. Mas sobrevive. O que aconteceu? Como? O que vai ser do silo com este conhecimento? Afinal o que há lá fora?

Apesar de haver muitas diferenças entre série e livro, estão ambos muito bons. No livro, estou um pouquinho mais à frente em relação a série, mas estou a aproveitar cada segundo destas duas versões da mesma história.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Shuggie Bain, de Douglas Stuart

Este livro de que irei falar não foi a primeira leitura concluída em 2025, mas é um livro que já vinha de 2024, e que só agora terminei.

Trata-se do livro Shuggie Bain, vencedor do Booker Prize em 2020. 

Terminei esta leitura há poucos minutos - entenda-se, no momento em que escrevo este texto e não no momento em que está a ser publicado - e ainda estou meio sem chão. Só me apetece dar colo ao meu filho e prometer-lhe que o irei proteger enquanto as forças não me faltarem.

Shuggie Bain é um jovem adolescente de 15 anos que vive numa residencial rasca e trabalha como atendente num supermercado. Ao mesmo tempo, tenta manter-se na escola, com mais ou menos sucesso.Nota-se que tem brio na sua apresentação, mas infelizmente, algo de muito errado lhe  aconteceu na vida para estar naquela posição.

Nisto, recuamos a 1981 e vamos conhecer Agnes Bain. Uma mulher lindíssima, casada com Shug Bain, um taxista mulherengo. De momento, vivem com os pais dela, e com mais 3 crianças - Catherine e Leeks, filhos do primeiro casamento de Agnes - e o pequenino Shuggie. As traições constantes de Shug fazem com que Agnes, apesar de sentir que merecia mais e melhor, se refugie na bebida. Problema esse que vai ser um dos grandes protagonistas desta história.

Shug farta-se de Agnes e abandona-a numa comunidade de mineiros completamente arruinada. Aos poucos, os filhos de Agnes, primeiro Catherine, e depois Leeks, vão saindo de casa, destroçados com a mãe, numa tentativa de conseguirem vir a ser alguém e sobreviverem aquela existência. Fica Shuggie. O mais pequeno e o mais delicado e deslocado. Sempre desejoso de agradar à mae, sempre desejoso de se integrar, Shuggie tem uma vida que ninguém merece: violência em cima de violência, negligência, a pobreza...

Fiquei altamente aflita com a vida desta criança que foi obrigado a crescer demasiado depressa. Foi angustiante levar esta leitura até ao fim, razão pela qual demorei tanto a concluí-la.

Cada capítulo é uma dor diferente. Há um período da vida de Shuggie em que a mãe, durante um ano, fica sóbria. Mas é como ver um comboio a passar e saber que ele vai descarrilar. Não sabemos o momento exato em que isso vai acontecer, e quando acontece, só nos apetece entrar dentro destas paginas e abanar Agnes até lhe voltar a meter noção na cabeça. 

É um livro que merece, definitivamente, a vossa atenção. Se ainda não o leram, façam-no. Não se arrependerão.

domingo, 26 de janeiro de 2025

Crimes de Inverno, de Agatha Christie

Estou bastante atrasada no que toca à atualização do blogue - nada de inédito em mim, convenhamos. 
Deixa-me bastante frustrada não conseguir alimentar este espaço com regularidade, mas nem sempre tenho a energia necessária para dar conta de tudo o que tenho em mãos diariamente, e, é inevitável, que alguma coisa fique para trás.

O último livro que li, ainda em 2024, foi um livro de contos de Inverno e de Natal de Agatha Christie, "Crimes de Inverno".

No mês de dezembro, no clube de leitura "Regaleira de Livros", a que pertenço, o tema escolhido foi Natal e, entre as opções que tinha, apeteceu-me revisitar personagens que me são tão queridas e familiares. Nem todos os contos eram com Poirot ou Miss Marple. Também tínhamos os Beresford e outros detetives amadores saídos da imaginação de Christie.

Fiquei de coração quentinho, porque não sendo uma novidade, foi um livro que me deixou confortável, num mês habitualmente tão atípico como é Dezembro. 

Christie, para mim, ainda continua a ser a rainha do género. Mesmo em histórias curtinhas, consegue manter a qualidade que eu lhe é reconhecida. Não sou a maior fã de contos... Fico sempre com a impressão que falta qualquer coisa, mas agora não senti isso, e deixei-me envolver.

Crimes de Inverno. Não se esqueçam do nome para o próximo Natal!