Trata-se do livro Shuggie Bain, vencedor do Booker Prize em 2020.
Terminei esta leitura há poucos minutos - entenda-se, no momento em que escrevo este texto e não no momento em que está a ser publicado - e ainda estou meio sem chão. Só me apetece dar colo ao meu filho e prometer-lhe que o irei proteger enquanto as forças não me faltarem.
Shuggie Bain é um jovem adolescente de 15 anos que vive numa residencial rasca e trabalha como atendente num supermercado. Ao mesmo tempo, tenta manter-se na escola, com mais ou menos sucesso.Nota-se que tem brio na sua apresentação, mas infelizmente, algo de muito errado lhe aconteceu na vida para estar naquela posição.
Nisto, recuamos a 1981 e vamos conhecer Agnes Bain. Uma mulher lindíssima, casada com Shug Bain, um taxista mulherengo. De momento, vivem com os pais dela, e com mais 3 crianças - Catherine e Leeks, filhos do primeiro casamento de Agnes - e o pequenino Shuggie. As traições constantes de Shug fazem com que Agnes, apesar de sentir que merecia mais e melhor, se refugie na bebida. Problema esse que vai ser um dos grandes protagonistas desta história.
Shug farta-se de Agnes e abandona-a numa comunidade de mineiros completamente arruinada. Aos poucos, os filhos de Agnes, primeiro Catherine, e depois Leeks, vão saindo de casa, destroçados com a mãe, numa tentativa de conseguirem vir a ser alguém e sobreviverem aquela existência. Fica Shuggie. O mais pequeno e o mais delicado e deslocado. Sempre desejoso de agradar à mae, sempre desejoso de se integrar, Shuggie tem uma vida que ninguém merece: violência em cima de violência, negligência, a pobreza...
Fiquei altamente aflita com a vida desta criança que foi obrigado a crescer demasiado depressa. Foi angustiante levar esta leitura até ao fim, razão pela qual demorei tanto a concluí-la.
Cada capítulo é uma dor diferente. Há um período da vida de Shuggie em que a mãe, durante um ano, fica sóbria. Mas é como ver um comboio a passar e saber que ele vai descarrilar. Não sabemos o momento exato em que isso vai acontecer, e quando acontece, só nos apetece entrar dentro destas paginas e abanar Agnes até lhe voltar a meter noção na cabeça.
É um livro que merece, definitivamente, a vossa atenção. Se ainda não o leram, façam-no. Não se arrependerão.
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