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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

«Reflexos num olho dourado»


Há largos anos vi o filme «Reflexos num olho dourado» interpretado por Marlon Brando e Elizabeth Taylor. Não poderiam ter escolhido melhores actores para a interpretação das personagens que nestes últimos dias tive oportunidade de finalmente rever, desta vez na leitura da obra que deu origem ao argumento cinematográfico com o mesmo nome.

Carson McCullers, escritora americana nascida na Geórgia em 1917 faleceu em 1967. Escreveu algumas obras emblemáticas como «O coração é um caçador solitário» ou a «Balada do café triste» bem como «Reflexos num olho dourado» que foi adaptado ao cinema.

«Reflexos num olho dourado» é um livro especial da mesma forma que a adaptação cinematográfica é película estranha, intensa e dramática.

O cenário é uma base militar nos anos 40 onde o casal Penderton vive uma relação disfuncional, em socialização com o casal Morris que também vive na base militar, cuja vida também é por sua vez complexa.

O Capitão Penderton revela ao longo de toda a narrativa a sua homossexualidade latente e reprimida quando se apaixona por um soldado introvertido, calado e de natureza e personalidade estranha.

Por sua vez a bela Leonora, mulher do Capitão, de personalidade algo frívola, extrovertida e provocadora, mantém uma relação extra-matrimonial com o Major Morris situação que é do conhecimento tanto do Capitão Penderton como de Allison mulher do Major, mas que ambos preferem «ignorar» num acto de deliberado desinteresse pelas suas relações. O soldado Williams é a personagem que irá romper este quadro relacional de ameno desiquilíbrio.

É uma narrativa de paixões, obsessões, frustrações e ódios que terá um desenlace profundamente dramático.

No filme, de facto Leonora só poderia ter sido desempenhada por Elizabeth Taylor e o Capitão Penderton por Marlon Brando. Dois actores com personalidades intensas, dramáticas e complexas que se adaptam perfeitamente às personagens traçadas por McCullers.

Um livro sobre pessoas e mundos em conflito. Excelente, profundo e dramático.

A adaptação ao cinema faz juz à qualidade do livro e a interpretação de ambos traduz na perfeição o que a escritora teria desejado transmitir.

Aconselho tanto o filme como o livro.

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