Para a maratona Estações Literárias, era pedido que lêssemos um livro em que a comida fosse a protagonista. E, não sei porquê, imediatamente, lembrei-me do livro que deu origem a este filme. E não me senti minimamente defraudada.
Vianne, acompanhada da filha Anouk, chega a uma pequena aldeia, por alturas do Carnaval. E é aí que decide assentar (mesmo que por pouco tempo), e abrir uma chocolateria. Todos os dias, dedica-se à sua confeção, e a sua montra é uma verdadeira tentação.
Para quem não é religioso, resta-me dar uma pequena explicação: após o Carnaval, dá-se início à Caminhada da Quaresma, que termina no Domingo de Páscoa. Pede a Igreja que durante esses 40 dias, os cristão façam jejum e se abstenham de tentações.
Abrir uma loja de chocolates, em frente à Igreja da aldeia, durante a Quaresma é, portanto, uma afronta ao padre local que tudo faz para afastar (e sabotar) a misteriosa Vianne que, por todos os meios, vai conhecendo e ajudando aquela comunidade que se rege, em grande parte, pela lei da Igreja. ,
E a figura tão constante do chocolate, a sensualidade do chocolate, a doçura do chocolate - que também pode ser amargo, a tentação do chocolate que irá manifestar-se um bocadinho em cada pessoa daquela aldeia. E a própria Vianne, tão livre de amarras, sempre tão feliz e solícita, solteira com uma filha é um alvo a abater daqueles que zelam pela moral e bons costumes.
É um livro delicioso. Foi a minha estreia a ler Joanne Harris e adorei conhecer a versão literária de um filme que me apaixonou na adolescência.
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