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segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Lido: Saga - volume 2, de Fiona Staples e Brian K. Vaughan

Em Agosto, no âmbito do projeto #agostoaoquadrado e do Book Bingo, li o primeiro volume de Saga, a história de Alana e Marko, dois soldados de frações opostas numa guerra intergalática. 

Os dois protagonistas apaixonam-se e envolvem-se. O resultado? Uma gravidez e o nascimento de uma criança que é metade de cada, vista como uma abominação, uma aberração...

Alana e Marko são perseguidos e têm de fugir, evitando a captura e, possivelmente, a sua morte. Neste segundo capítulo, se me é permitido assim descrever, são ajudados pelos pais de Marko que, apesar de não concordarem com a escolha do filho, aceitam. E é nos dado a conhecer o passado da relação de Alana e Marko, antes do nascimento de Hazel e dos eventos que levaram a que se deixassem envolver.

Estou profundamente apaixonada por esta história. Mas, de pouco valeria a narrativa, se o desenho não acompanhasse a qualidade da escrita. Vale cada cêntimo que se gaste na sua compra.


quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Lido: Crime, disse o livro, de Anthony Horowitz

Dia 21. Foi no dia 21 que terminei de ler "Crime, disse o livro". Foi uma leitura absurda de tão boa. Trata-se literalmente de um livro... dentro de um livro.

Contexto:
Há muito tempo que conheço o trabalho deste autor. Basta dizer que foi um dos autores de vários episódios de Poirot, e que foi o responsável pela adaptação televisiva de Midsomer Murders, uma das minhas séries preferidas, e que está no ar desde 1997 (!!!). E que foi também o escolhido para dar continuidade aos livros de Sherlock Holmes - A Casa da Seda, diz-vos alguma coisa?

Adiante...
E é fantástico encontrar a homenagem a Agatha Christie nestas páginas. Não é subtil, não é algo que passe despercebido... está ali escarrapachado à vista de toda a gente. E é uma delícia. Susan Ryeland é editora e, um dia, senta-se a ler o manuscrito de mais um livro do autor bestseller da editora para onde trabalha.
Numa vila rural em Inglaterra, em 1955, uma mulher - Mary Blakiston - é encontrada morta dentro da casa do patrão. Todas as portas e janelas estão fechadas por dentro. O filho, que dias antes havia discutido com a mãe à vista de todos, é apontado como responsável pela morte da senhora.

A noiva, na tentativa de o ilibar, contacta Atticus Pünd, um detective particular que acaba de receber péssimas notícias, relativas ao seu estado de saúde. Apesar de registar as queixas da rapariga, Pünd não aceita o caso, por considerar que não existe caso. Mas, volta atrás, quando apenas duas semanas depois, o patrão de Mary é encontrado decapitado na sua própria casa.

Atticus desloca-se a Saxby-on-Avon para resolver este mistério e ligar os pontos que, até àquele momento, parecem desconexos.

Tal como nos livros de Poirot, no final, quando Atticus já sabe quem é o culpado, e chama todos os suspeitos para a revelação final... o livro acaba. Faltam os últimos capítulos do manuscrito.

Susan procura o chefe, Charles Clover, para saber onde está o resto do manuscrito. Nesse momento, é informada que Alan Conway, o autor, fora encontrado morto. Charles mostra a Susan uma carta enviada por Alan, onde este revela as suas intenções de se suicidar.

Susan, apesar de não simpatizar particularmente com Alan, fica intrigada com toda a história, e tenta desesperadamente encontrar as últimas páginas do último grande livro de Conway.

Este livro tem tudo o que os fãs de Poirot e Miss Marple adoram. É uma ode à grande senhora do crime. Adorei adorei adorei... fiz questão de não saber as opiniões de mais ninguém, para não me sentir influenciada, mas, agora, sinto que isso não iria acontecer.

Como fã assumida de Agatha Christie, estou genuinamente feliz com este livro. Uma curiosidade: a determinada altura, Susan conversa com o neto de Agatha Christie, pois este encontrou Alan Conway pouco antes de morrer. É só (mais) um pormenor que me deixou feliz durante esta leitura.

E o trocadilho com o título?! Não é uma delícia?

Resta-me apenas dizer que este livro foi-me gentilmente cedido pela editora Clube do Autor, a quem agradeço de coração ter-me proporcionado esta leitura 5 estrelas. 

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Lido: A Companhia Negra, de Glen Cook

Terminei este livro durante o fim-de-semana, mas com o início das aulas, as rotinas, cá por casa, ainda estão a ser ajustadas, e o tempo não estica.

Desde há alguns meses que estava entusiasmada com esta publicação, mesmo antes do livro estar disponível nas livrarias, sequer. Tinha lido na revista Bang, um texto publicado pelo editor da Saída de Emergência, sobre este livro... e... como explicar?! Sabem aquela sensação que cresce em nós quando lemos algo que francamente nos entusiasma?! Pois, foi isso que senti... 

Houve qualquer coisa naquele texto que me levou a * salve o exagero * precisar - genuinamente - de ler A Companhia Negra. As minhas expetativas não foram defraudadas. 

A Companhia Negra é um livro de fantasia negra. Neste primeiro volume, acompanhamos a Companhia de Negra, um grupo de mercenários que, no momento em que começamos a história, está ao serviço de Síndico, na cidade de Beryl. Mas, o cenário na cidade é, de tal forma tenso, que rebenta uma guerra civil. Durante os confrontos, e sob proteção da Companhia Negra, Síndico, que funciona como uma espécie de governante de Beryl, refugia-se numa torre. Contudo, uma criatura negra ataca o local e há uma matança. A missão da Companhia Negra fica, desta forma, concluída, dado que o seu contratante é uma das vítimas da forvalaka, a tal besta.   

A Companhia Negra é contratada para servir a Senhora, nas terras do Norte. Em tempos que há muito passaram, a Senhora e o marido, Dominador, dois feiticeiros poderosíssimos, governaram com mão de ferro e crueldade, esse território. Mas, a Rosa Branca, líder mítica dos Rebeldes, havia conseguido pô-los num sono sem fim, acompanhados dos Tomados, um grupo de 10 inimigos que foi amaldiçoado a segui-los até ao fim dos tempos. Porém, após mais de 300 anos, a Senhora e os Tomados foram despertados, e a guerra recomeçou. 

É este o "plot" de uma saga que me entusiasmou muitíssimo. O livro está escrito da perspetiva do Físico, o médico da Companhia Negra, que serve também na condição de escriba que regista nos Anais, os momentos mais importantes e significativos do grupo. E aquilo que lemos são Crónicas escritas por Físico, logo existem alguns saltos temporais que, os mais distraídos, poderão achar estranhos. 

É um livro super-entusiasmante. E estava mesmo muito ansiosa para falar dele, mas estava difícil chegar ao fim, devido ao facto do Henrique ter começado as aulas, andarmos todos ainda um pouco "a apanhar papéis" e a criar uma nova rotina para estes primeiros dias do 1.º ano do 1.º Ciclo. 

Em A Companhia de Negra podemos encontrar um pouco de tudo: estratégia militar, fantasia e magia, humor, uma pitadinha de romance, intrigas, violência... e este 1.º volume é um início de uma saga, na minha simples opinião, memorável. Recomendo vivamente a quem gostou, por exemplo da Trilogia dos Senhores da Guerra, de Bernard Cornwell (também da Saída de Emergência), e gosta deste género de livro mais robusto.

Para não falar da capa, que é BRU-TAL! 

domingo, 8 de setembro de 2019

Lido: Malena é um nome de Tango, de Almudena Grandes

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Há uma semana, trouxe da biblioteca o livro "Malena é nome de tango", da escritora madrilena Almudena Grandes.

De tanto ouvir a Ana Lopes (do blogue e canal O Sabor dos Meus Livros) falar sobre esta autora, quando a encontrei nas estantes da biblioteca, não hesitei.

Malena, irmã gémea da perfeita Reina, é uma criança que, todos os dias, reza para se tornar um rapazinho. As diferenças entre ela e a irmã são abismais e Malena sente-se quase aprisionada numa espiral de convenções a cumprir, sem conseguir escapar-se às omnipresentes comparações com a irmã.

Um dia, quando já tem 12 anos, o avô oferece-lhe uma esmeralda, uma pedra valiosíssima que um dia a salvará. Mas a condição é que nunca fale dela a ninguém, e que, um dia, quando precisar, deverá procurar o tio Tomás que ele saberá o que fazer. Na mesma altura, falam sobre um dos seus antepassados, Rodrigo, que, dizem ter sido vítima de uma maldição.

Apesar de pertencer a uma família de posses, e, aparentemente serem perfeitos, existem muitos segredos que atormentam os elementos dos Fernández de Alcántara. Como a 2.ª família do patriarca, que apesar de não ser secreta, é um assunto que nunca é discutido.

Há medida que vai crescendo - e nós, vamos assistindo a esse crescimento - Malena assume que também ela é uma vítima da maldição de Rodrigo, tal como o avô e a tia Magda: por alguma razão, sentem que o seu lugar naquele mundo é confuso e não muito definido.

Todo o livro é um reflexo dos pensamentos e das ações de Malena - que é a nossa narradora. E não podemos esquecer que cada ação gera uma reação. E essas consequências, nem sempre são aquelas que Malena almejava.

Malena é uma personagem maravilhosa. Não é perfeita, longe disso, e os seus medos e anseios são nos transmitidos em cada linha, em cada parágrafo... é, no fundo, uma mulher à frente do seu tempo. Uma sobrevivente, se assim lhe quiserem chamar.

O livro narra um período temporal de cerca de três décadas. Desde meados dos anos 60 até aos anos 90, com uma Malena adulta. Apanhamos aqui muito da História de Espanha: alguns períodos da guerra civil e da 2.ª Guerra Mundial foram falados, bem como o período franquista que conhece o seu fim nos anos 70... assistimos a um grande período de transição e de adaptação, e muitas reviravoltas.

Não é um livro fácil, confesso. Custou-me a entrar na história, que é pesada, e o próprio estilo da autora não é simples, especialmente, no início... (apenas por isso, lhe dei 4 estrelas). Depois de conseguirmos ultrapassar o meio do livro, e de já estarmos habituados a que Almudena se disperse um bocado antes de retomar o fio à meada, lê-se tremendamente. A história, essa, é irrepreensível.

Gostava muito de saber o que lhe aconteceu, depois do último ponto final. Apesar de ser uma história belíssima, gostava de saber como é que a vida de Malena continuou. Como continuou a sua estória?