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sábado, 14 de dezembro de 2024

Na Cabeça de Sherlock Holmes, de Cyril Lieron e Benoit Dahan

 


Era impossível ler um livro mais bonito e imersivo do que este "Na Cabeça de Sherlock Holmes".

Este livro foi comprado no Amadora BD, no mês de outubro. Quando terminei "A Floresta Sombria" de Liu Cixin não me estava a apetecer lançar-me de cabeça em outro livro grande e complexo. Decidi que iria usar uma BD como "limpa palato".

A história  é simples: na Londres de 1890, é encontrado, na rua, um homem. Estava vestido apenas com pijama, magoado, sem memória... Com as horas a passarem, ele conseguiu dizer que era conhecido do Dr. Watson. 

Mais uma vez, encontramos um Sherlock Holmes aborrecido, sem ter nenhum mistério a que se dedicar... Nisto, batem à porta e é a polícia que traz consigo o misterioso homem, na esperança que Watson os ajude a identificá-lo. Trata-se, na verdade de Herbert Fowler, um médico que exerce no antigo consultório de Watson.

A aparência de Fowler e as circunstâncias que rodeiam este surgimento despertam Holmes do torpor em que se encontrava. 

A narrativa envolve circo, artes performativas, a guerra contra o ópio, China vs Grã Bretanha. E claro a presença dos  incontornáveis Mycroft e Lestrade.

Além da história ser uma verdadeira homenagem a Conan Doyle (a história não é um original do autor, mas !), a arte é perfeita. Os pormenores são perfeitos. A forma como o leitor é puxado a ter um papel ativo na resolução do mistério é perfeita. As cores usadas são perfeitas. 

Não posso falar muito para não estragar a surpresa que é ler este livro, mas cada página traz um elemento capaz de nos deixar boquiaberto. 

Não posso deixar de destacar a capa maravilhosa. Temos o contorno do rosto de Holmes, em recorte, e o desenho de baixo é uma representação daquilo que será o cérebro do mais afamado detetive britânico.



quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

A Floresta Sombria, de Liu Cixin

Consegui terminar A Floresta Sombria, o segundo volume da trilogia "O Passado do Planeta Terra", habitualmente conhecida como "O Problema dos Três Corpos". 

Já tinha lido o primeiro volume há bué bué de tempo e o entusiasmo por esta trilogia voltou com a série da Netflix. Aqui a menina, armada em Chica, achou que conseguia acompanhar o volume 2 com base na série. Erro crasso. 

Sim, meu amigos, também cometo erros. Eu sei, um choque! Acontece que reli (na diagonal!) o volume 1 antes de me lançar ao 2. No final do ano, não posso esquecer de acrescentar esta releitura, que não contabilizei no GoodReads Reading Challenge.

O planeta Terra foi ameaçado de invasão por uma raça alienígena do planeta Trisolaris, que já arrancou em força na nossa direção. Irá chegar em cerca de 400 anos. Os humanos unem esforços para elaborar um plano para conseguir eliminar a frota alienígena, preferencialmente, antes dela chegar à Terra. Quatro séculos parecem muito tempo, mas estamos em guerra.

Foi assim lançado o Projeto Clausura em que os 4 melhores pensadores/estrategas do Mundo vão trabalhar nesse plano para atingir os nossos inimigos. Luo Ji, um perfeitamente desconhecido astrónomo, é um dos escolhidos, mas são várias as dificuldades com que os Enclausurados se deparam. Luo Ji, em especial, tendo em conta que é o principal visado das várias tentativas de homicídio por parte de Trisolaris, e dos seus colaboradores.

Este livro, à semelhança do primeiro, não é simples de ler por uma razão: trata-se de ficção científica em todo o seu esplendor. Em cada página são lançados conceitos e ideias muito específicos, explicações científicas que embora tenhamos acesso à sua clarificação não ficam especialmente... claros...!

Contudo, se ultrapassarmos o facto de não sermos cientistas de topo, e nos focarmos na narrativa principal, temos aqui um livro absurdo de bom. Liu Cixin criou uma ideia que já vimos em vários filmes, mas aqui, não temos o herói que salva o dia com um lança-chamas numa mão, um cigarro no canto da boca e a outra mão na cintura da heroína bonitona. Temos protagonistas que hibernam por 200 anos (sim, de repente, avançamos 2 séculos) e acordam numa sociedade altamente avançada, onde temos frotas espaciais (3, aliás!) e um desenvolvimento tecnológico impensável. Temos protagonistas com dúvidas, que entram em missões suicidas, que enfrentam a desconfiança e o ódio da comunidade que estão a servir.

É uma trilogia para se ler. Com calma, mas sem interrupções. Levar tudo a eito, como se diz. 

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

O Hobbit, de JRR Tolkien

Depois de ler este livro, é que me apercebi da parvoíce que foi transformá-lo em três filmes. Que sacramental tolice, Peter Jackson... 

O Hobbit seria um filme único perfeito. Ou, no limite, uma mini serie de 4 a 6 episódios, dos pequenitos. Não era preciso inventar. E inventar mal, sejamos francos.

A história é tão simples que dói. Bilbo Baggins é um hobbit que vive, de forma simples, na sua casinha. Os seus prazeres são simples: fumar o seu cachimbo, comer e pouco mais. No fundo, eu sou o Bilbo Baggins (#todossomosBilbo). Sem a parte de fumar cachimbo. Bilbo como um bom hobbit quer e paz e sossego. Até que aparece Gandalf. Esta enorme figura é um feiticeiro com uma relação antiga com família de Baggins, e  aparentemente, este reencontro parecia inócuo. Até que, no dia seguinte, Bilbo estava descansado em casa e, de repente, vê a sua casa invadida por anãos (sempre aprendi que o plural de anão é anões, mas vou respeitar a opção escolhida na tradução da edição). E, não menos de repente, vê-se envolvido na situação que hobbit algum deseja: uma aventura. 

Bilbo vai acompanhar a expedição dos anãos, na qualidade de ladrão especialistas, na reconquista da Montanha Solitária, lar antigo desta raça, que Smaug, um terrível dragão, usurpou.

Nesta viagem incrível, Bilbo e os anãos irão conhecer as personagens mais improváveis: elfos simpáticas e outros nem tanto, homens com todas as suas qualidades e defeitos, aranhas horríveis, goblins assustadores, trolls e Beorn, um aliado que muda de forma. 

E também...como bem sabemos, Gollum. E vai tornar-se proprietário do Um Anel, mesmo que não conheça minimamente o perigo que ele representa.

É isto. Ponto. Não era preciso fazerem 3 filmes de quase 3 horas cada um. Isto era um livro infantil, senhores. 

Claro, obviamente, adorei voltar a este universo. Tenho acompanhado a série Anéis do Poder e é  sempre (sempre!) um enorme gosto ler mais sobre este mundo criado por Tolkien. 

domingo, 8 de dezembro de 2024

O Canto de Aquiles, de Madeline Miller

Li, há alguns meses, o livro "Circe", e gostei bastante. Posto isto, decidi explorar um pouco mais a autora, e arrisquei-me a ir de encontro ao O Canto de Aquiles. Era, aliás, a minha primeira escolha para ler no âmbito do clube literário a que pertenço. O desafio era ler um livro, cujo título começasse com a nossa inicial. 

Se leram o meu post anterior, devem saber que acabei por escolher O Carteiro de Pablo Neruda, mas dei continuidade também a esta leitura, porque fez clique a determinada altura. 

Não estava a adorar o início. Mas, depois, não sei bem o quê exatamente, dei por mim a virar páginas atrás de páginas e a pesquisar alguns factos sobre as personagens que eram apresentadas e dei por mim, de novo, enredada num novelo sem  fim de mitologia grega. 

Este livro foi escrito em 2011 e estou tão absolutamente chocada com este pedaço de informação que nem sei bem o que fazer com ele. Fica, aqui, lindamente, metido a martelo. Assunto resolvido!

Adiante... Este romance segue Aquiles, "o melhor dos gregos", desde o seu encontro com Pátroclo, seu amigo de infância e (dizem os boatos) seu amante, até à Guerra de Tróia. Aliás, este livro explora bastante o relacionamento amoroso dos dois. 

Pátroclo é o narrador deste livro. E temos acesso a todos os acontecimentos da sua perspetiva, mesmo depois de morto. Inicialmente, surge como filho de Menoetius e pretendente à mão da bela Helena. Nessa sequência, todos os pretendentes rejeitados fazem um juramento a Helena e a Menelau. Depois de um incidente, Pátroclo é exilado em Ftia e conhece Aquiles de quem se torna próximo, nascendo daí um relacionamento íntimo.

Tudo o resto é história. A profecia em torno de Aquiles, o treino com o centauro Quíron, o suposto rapto de Helena, a guerra entre gregos e troianos, a morte de Heitor e, em resultado disso, a morte de Aquiles.

O ritmo é incansável. E cheguei ao fim com a sensação de que gostei mais deste O Canto de Aquiles do que de Circe. Quase dei por mim a esquecer que se tratava de uma obra ficcional e que aqueles diálogos, obviamente, não podiam ter chegado aos nossos dias. Madeline Miller conseguiu mais uma vez.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

O Carteiro de Pablo Neruda, de Antonio Skármeta

Vi o filme há vários anos, e tinha este livro há muitos mais, para ser franca.

Decidi lê-lo, no âmbito do clube literário do qual faço parte e cujo desafio consistia em ler um livro, cujo título começasse com a inicial do nosso nome. Mas esta escolha não foi planeada.

Em busca de um livro para emprestar à minha colega de trabalho, deparei-me com ele.  E achei que quase 20 anos de espera era tempo mais do que suficiente para ler um livro. Mea culpa. A edição será de 2008, estamos em 2024 - é fazer as contas. Estou envergonhada? Mais ou menos. Não posso, em boa fé, assumir que sim. 

Enfim, seguimos Mario que é um jovem cuja ideia de trabalhar lhe era algo avessa, convenhamos. Filho de pescador, pescador será. Até que surge a hipótese de ser carteiro. De um único destinatário e remetente. Nem mais nem menos que o poeta Pablo Neruda. O nosso Mario, fã do poeta, anda, uns tempos, numa tentativa de pedir um autógrafo, com uma dedicatória, mas desiste sempre. Até que surge Beatriz. E é do amor que nasce em Mario, que também surge a coragem de pedir ajuda Neruda. Daqui vai nascer uma forte e original amizade. 

Fiquei apaixonada. Não sei se pela simplicidade inocente de Mario, se pelo carisma envolvente de Neruda... O livro lê-se quase de uma assentada. É pequenino, letras grandes, e uma história que nos conquista nas primeiras páginas. 

Houve cuidado com a escrita, mas não é difícil de entender. Aliás, Neruda faz questão de explicar a Mario cada vez que usa uma expressão mais literária. É impossível não ficarmos com um sorriso no rosto ao ler as metáforas que Mario dedica a Beatriz.

Era este o livro que eu precisava ler, naquela altura. E ele encontrou-me.

O escritor chileno, Antonio Skármeta, morreu, no passado dia 15 de outubro, com 83 anos.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Wolf Hall, de Hilary Mantel

Gostei bastante desta leitura, mas não posso dizer que foi sequer perto de simples. 

Habitualmente, sou a pessoa que vibra com livros históricos e ia com as expectativas nos píncaros.

Contudo, à medida que o livro ia avançando, ia tornando-se algo confuso. Só para terem uma ideia, existem umas 10 personagens chamadas Thomas, outras tantas que Henry... Muitos nomes iguais faziam-me dar nós no cérebro, porque, às tantas, já não fazia ideia de quem se falava, e até apanhar o ritmo, não foi "um passeio no parque". 

A narrativa, em si, tem lugar durante um período interessantíssimo da História: o reinado de Henrique VIII, no século XVI. Retrata, de forma ficcional, a subida ao poder de Thomas Cromwell, de um simples advogado até alcançar a posição de conselheiro principal do Rei.

E passamos por muito: a tentativa de divórcio do Rei, casado com Catarina de Aragão, para conseguir casar com Ana Bolena. E, pelo meio, não esqueçamos, tornar-se o líder da Igreja Anglicana.

(ainda não cheguei à parte das reais cabeças decepadas, lamentavelmente)

A linguagem e o estilo de escrita não são para o comum mortal, e, nesta categoria, incluo-me com o maior respeito e humildade. É uma escrita muitíssimo cuidada e rica. Mantel, não raras vezes, faz uso do seu domínio absoluto da escrita, no meio da narrativa, colocando pensamentos e impressões de Cromwell sobre determinadas situações. 

É um livro absurdo pela quantidade de detalhes que tem. Uma dica: ajuda bastante assistir a série Os Tudors, porque atribuímos caras aos nomes e acaba por ser uma bengala interessante. 

Por se ter tratado de um livro que demorei bastante a ler, não sei se tenho vigor mental para avançar para o próximo da trilogia - O Livro Negro - mas lá chegarei em 2025, com toda a certeza.

Ponto de situação das minhas leituras

Tive agora um daqueles momentos de " já não atualizo o blogue há bué de bué". Confere. Pouco mais de um mês.

Mas a verdade é que também não li muito depois daquela última atualização. Terminei o Wolf Hall (de Hilary Mantel), li O Carteiro de Pablo Neruda (de Antonio Skármeta), O Canto de Aquiles (de Madeline Miller), e terminei ontem à noite O Hobbit (dispensa apresentações, mas ppr uma questão de coerência, de JRR Tolkien). 

A Floresta Sombria (de Cixin Liu, e o segundo volume da trilogia Three Body Problem) é um work in progress.

Bem vistas as coisas, e em perspetiva, li mais do que aquilo que pensava que tinha lido... 

Vou, portanto, aproveitar que estou em casa esta semana (a cria está com varicela e com baixa até segunda feira), e irei pôr os escritos em dia.

Quatro publicações irão sair, de certeza, durante o que resta desta semana e, se conseguir terminar A Floresta Sombria é um extra que me iria deixar para lá de satisfeita.

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Rugas de Paco Roca

Há uns anos, foi moda ler a novela gráfica Rugas do espanhol Paco Roca. 


Por alguma razão que não sei precisar, nunca lera antes o livro. Nunca pegara nele. E esses dois factos combinados irão continuar a ser um dos mistérios inauditos da minha natureza. Perante esta afirmação, sem merdas, adianto já que o li numa destas minhas horas de almoço e terá sido um dos melhores livros que li.

A ação começa com um jovem casal que está no banco, em frente a um bancário que lhes recusa um crédito. Mas... este cenário só está a acontecer na mente de Emilio, um bancário reformado que começa a mostrar os primeiros sinais de uma das doenças mais terríveis: Alzheimer. 

Quem tem pais de alguma idade saberá o quão assustador isto pode ser, e o filho de Emilio decide colocar o pai num lar, onde terá maior e melhor acompanhamento.

Nesse lar, conhece Miguel, outros dos resistentes, que solteiro e sem filhos, parece ser mais relaxado em relação a muitas das rotinas e regras do lar. Miguel apresentar-lhe o lar e as pessoas que lá vivem, e todas as suas particularidades.

Não há muitos livros sobre gente mais velha. E Roca conseguiu fazer um livro sobre uma etapa da vida que muitas vezes é colocada num lugarzinho, escondido da nossa preciosa vista. É um livro muito tocante, com uma história belíssima, onde, assistimos, efetivamente ao desenvolvimento da doença em Emilio, mas, ao mesmo tempo, sabemos que ele não está sozinho. A família nunca o abandona, apesar de, inicialmente, ficarmos com essa ideia, e Miguel... Miguel é o amigo que não sabíamos que precisávamos ter ao nosso lado.

Sou a pior pessoa do mundo para apreciar a arte, o traço do artista, as combinações de cores, os significados... Mas a bonecada estava gira, sim, senhor! Opinião técnica.

sábado, 26 de outubro de 2024

Trilogia Beartown de Fredrik Backman

Terminei, em lágrimas, esta trilogia. 

Este texto podia, perfeitamente, ser apenas a frase acima que ficaria feliz. Mas o Fredrik Backman escreve tantas coisas que fazem o leitor sentir tantas outras que seria injusto que o texto de supra-elogio de mais esta obra fosse apenas uma frase.  

Li o primeiro livro, Beartown, em 2023, apesar de ele ter sido publicado algum tempo antes, 2021, creio. E desde 2021, que Backman, no alto da sua sabedoria, estava a delinear o plano maléfico de nos pôr a repensar todas as nossas escolhas de vida; e apegarmo-nos e gostarmos do Benji, da Ana, da Maya, do Bobo, do Amat e de todas as outras pessoas de Björnstad fazem parte dessas escolhas de vida.

Björnstad é uma cidade que respira hóquei. Mas o clube local já teve melhores dias. A grande esperança, de momento, é a equipa de juniores, mas, em particular, Kevin, a grande estrela. 

Como em todos os livros de Backman, a cada página que vamos virando, sentimos que estamos a andar em cima de uma camada finíssima de gelo e percebe-se a milhas que o desastre está prestes a acontecer. 

Ele também nem sequer se esforça para disfarçar, avisa-nos, e apenas adia o inevitável, até fazer do desastre uma sucessão de capítulos enervantes que queremos ler rápido para chegar ao momento em que todos são felizes oara sempre. Mas, Backman não é desses, e nem sempre todos vivem felizes para sempre. Alguns, sim. Todos, não.

Kevin vai ser um dos protagonistas de um evento que irá ficar conhecido em Björnstad como "a situação" e que vai interferir com a vida de várias personagens desta comunidade. Pessoas vão morrer, outras vão nascer e outras, inclusivamente, renascer. 

A trilogia é composta pelos livros Beartown, Nós contra os outros e Os Vencedores e cada um deles dá tudo. Backman entrega-nos tudo: amor juvenil, momentos de coragem, mas também de dor, mortes, momentos de pura felicidade, momentos e pessoas que nos fazem rir quase ate doer a barriga, pessoas memoráveis (não me digam que a Alicia não é de verdade, ou vou começar a chorar, de novo!), pessoas simpáticas e outras menos simpáticas, pessoas que buscam a redenção, outras para quem o perdão está fora do alcance, pessoas como nós, mas com a diferença que vivem nas paginas de 3 livros.

Leiam Beartown. Leiam Backman. 



domingo, 6 de outubro de 2024

A educação de Eleonor, de Gail Honeyman

Há bastante tempo que pretendia fazer esta leitura. E foi agora que cheguei lá.

Eleonor é diferente. Excêntrica, até. Aos 30 anos, é reservada, extremamente competente no seu trabalho, demasiado lacónica e textual para conseguir ter amigos. O ponto alto da sua vida são as sextas-feiras, quando se fecha em casa com garrafas de vodca até segunda feira de manhã.

Um dia, conhece Raymond, do departamento de informática da empresa onde trabalha. Em outro dia, cruza-se com aquele que crê ser o homem da sua vida. E, em outro dia qualquer, conhece Sammy, um idoso que ela e Raymond tentam ajudar quando vêem que se está a sentir mal, no meio da rua.

Todos estes eventos vão mudar a vida de Eleonor.

Sabemos que teve uma infância complicada. Sabemos que passou por várias famílias de acolhimento entre os 10 e os 17 anos. Mas Eleonor não fala disso. Aliás, só fala com a mamã. Todas as quartas-feiras. E sabemos que a mamã não é particularmente...maternal, com a Eleonor, e que isso que lhe provoca alguma angústia, porque ela não é uma menina boa.

Aos poucos, Eleonor vai mudando. Vão surgindo rachas na casca que mantém, e vamos assistindo ao seu lento despertar...talvez "desabrochar" seja uma expressão mais adequada, neste contexto. 

Toda esta aura de mistério em torno de Eleonor faz-nos virar página atrás de página. Por esquecimento não registei no Goodreads quando iniciei a leitura, mas sei que passei as últimas duas noites a fazer um pequeno sprint até à meta.

Para quem já leu o livro "Britt-Marie esteve aqui" de Fredrik Backman, esta nossa protagonista dá umas vibes de Britt-Marie, mas mais nova. 

Inicialmente, avaliei esta leitura com 4 estrelas. Mas hoje, ao escrever este texto, senti que a Eleonor merecia mais e fui rever a nota dada. Primeiro, é inevitável a estranheza, a pena dela, felicidade pelas suas pequenas conquistas, rimos com a sua falta de skills sociais... É um livro que aborda a amizade e o amor em todas as suas variantes, mas também os maus tratos, violência no namoro, doença mental, solidão, mas com ligeiros apontamentos humorísticos - como não rir quando a Eleonor chama "Bobbi Brown" a uma maquilhadora, pensando ser esse o seu nome e não a marca da maquilhagem?! 

Vão conhecer a Eleonor, por favor. Ela merece toda a nossa atenção. 

sábado, 21 de setembro de 2024

A estrada subterrânea, de Colson Whitehead

Perdoem. Esqueci completamente de falar de uma das últimas leituras concluídas nas últimas semanas.

Como foi uma leitura terminada ainda durante as férias, pensei que já tinha publicado, mas não. Mea culpa! 

Em Junho do ano passado, li Os Rapazes de Nickel, de Colson Whitehead. Não fiz post no blogue, mas publiquei um textinho no Instagram sobre esta leitura que achei maravilhosa. Sigam o link: https://www.instagram.com/p/Cs9iCuxLxc2/?igsh=MW0zOGd6cjk0dTg1Yg==

Um ano volvido e voltei a revisitar a escrita de Whitehead com A Estrada Subterrânea. 

Cora é escrava numa plantação de algodão na Geórgia e já sofreu tudo o que havia para sofrer, e foi castigada de todas as formas possíveis. A mãe, Mabel, fugiu quando Cora era muito pequena, e até àquele momento foi a única escrava que desapareceu completamente do radar de todos os caçadores. 

Numa noite, Caesar, outro escravo, desafia Cora a fugir através da estrada subterrânea, uma rede de transportes abaixo da terra, com várias paragens e colaboradores, construída com o único propósito de ajudar escravos a escapar até ao Canadá. 

Nesta travessia, Cora conhece todo o género de pessoas, mas o receio de vir a ser capturada está presente em todos os instantes. 

Gostei, mas não fiquei conquistada pela protagonista. Comparando com Os Rapazes de Nickel, achei Cora uma personagem muito pela rama. Dei por mim a querer saber mais da fuga da mãe dela do que propriamente sobre o destino da própria Cora. 

Caesar, apesar de ser o elemento que a desperta para a possibilidade de fugir, é relegado para um papel tão nulo que até nos esquecemos que ele existe na narrativa. 

Senti que as personagens estavam desenhadas muito de fugida e senti pouca empatia com elas. 

Não é um mau livro, atenção! Mais uma vez, fala-vos a maluquinha dos históricos. Lê-se bem, o período retratado é muito interessante... Temos lá, por exemplo, os inícios do KKK, mas também são retratadas pessoas boas que arriscavam a vida para ajudar outros, brancos ou negros. É um bom livro, volto a sublinhar. Mas não é Os Rapazes de Nickel. 

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Update do Wolf Hall

Temo que a leitura do Wolf Hall (610 páginas) vá ultrapassar a Anna Karenina (793 páginas).

Há aqui muito Thomas, muito Henry, Marys também, para dar e vender... 

Muita personagem com nomes iguais que deixa ainda mais confusa esta minha pobre mente cansada e sacrificada.

Mas não esmoreço. 




sexta-feira, 30 de agosto de 2024

O meu homicídio, de Katie Williams

Parti para a leitura deste livro com a expetativa de ser algo semelhante ao "como matar a tua família" de Bella Mackie que li no verão passado. 

É o que dá não ler as sinopses antecipadamente... Toma e embrulha, Cristina Maria.

Sucede que não existe qualquer relação. Nada. Zero. Niente. 

No ano passado, li um livro leve, divertido com uma sociopata que, no fundo, só queria matar a família do pai para herdar toda a enorme fortuna e vingar-se.

Desta vez, li um livro que me deixou agarradinha a cada página, com os nervos de não saber o que ia acontecer a seguir.

Lou tem um casamento feliz e uma filha bebé amorosa. Acontece também que Lou morreu. E esta Lou que tenta consolar a sua bebé que chora é um clone daquela que foi a quinta vítima de um serial killer.

Graças a um programa especial do governo, foi possível trazer, de volta à vida, as cinco vítimas de Edward Early, que se encontram regularmente. A única coisa que não foi possível recuperar foram as memórias mais recentes, os últimos dias de vida... E é ao tentar reviver esses dias, e tentar perceber ao certo o que lhe aconteceu realmente que Lou chega à conclusão que algo não bate certo...

Não é um livro divertido de se ler, no sentido em que não é uma comédia. Mas é um livro que superou aquilo que eu esperava dele. Não é o thriller habitual, de faca e alguidar, mas é um mistério interessante, com um belíssimo ritmo. E acaba quase também por ser uma distopia, dado que as pessoas estão "equipadas" com ecrãs e existe tecnologia capaz de criar clones e transferir a sua essência para essas duplicações. Após o julgamento, o serial killer foi condenado, não a prisão perpétua, não à pena de morte, mas sim, a ficar numa espécie de coma, onde iria ser sujeito de alguma forma a um tratamento para "reverter" a sua sociopata, e tentar "injetar-lhe" empatia. Tudo muito diferente daquilo que é a nossa realidade, portanto. 

É, por isso, interessante também ver que tipo de sociedade é que a autora imaginou. Como disse, tem um bom ritmo, uma história cativante - talvez haja um par de personagens que sejam um pouco dispensáveis, na falta de melhor expressão - e não ficaria minimamente surpreendida em saber, daqui a uns tempos, que este livro iria resultar num filme.

Mais um bom livro para os dias de Verão. 

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Clube do Crime das Quintas-Feiras

Nestas férias, consegui ainda ler os 3° e 4° volumes da série de Richard Osman, o Clube do Crimes das Quintas-Feiras.

Não há muito que possa adiantar em relação a estes livros, além de que seguem 4 idosos - Elisabeth, Joyce, Ron e Ibrahim - que se juntam, semanalmente, na comunidade onde residem, para resolver crimes. Inicialmente, a ideia era resolverem ficheiros arquivados, mas este quarteto atrai problemas e, nesta série de livros, os crimes cometidos e que o grupo tenta desvendar são bem atuais.

Elisabeth, apesar de não o dizer imediatamente, apercebemo-nos que trabalhou com alguma agência de contr-espionagem. Mais dura e com recursos, é o contraponto daquela que será a sua melhor amiga, a doce e querida Joyce. Antiga enfermeira, Joyce é a avózinha que faz bolos, vê reality shows e para quem todos são potenciais amigos. Ron é um antigo sindicalista, adepto do West Ham e um durão à moda antiga. Finamente, Ibrahim é um psicólogo metódico e perfecionista. É o melhor amigo de Ron e o bom senso do grupo.

Até as personagens secundárias são maravilhosas: os elementos da polícia Chris e Donna, Bogdan, Stephen (marido de Elisabeth)... Facilmente nos apegamos a esta gente e torcemos genuínamente por eles, rimos com eles e choramos com eles.

Se querem uma boa leitura no que resta deste verão, rápida, light e engraçada, optem por estes livros. Aconselho a lê-los por ordem. Apesar dos crimes não estarem relacionados, cada personagem é desenvolvida tendo em conta as circunstâncias de cada livro. As relações nascem e crescem aos poucos, livro a livro.

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

O quarto de Giovanni

Acontece que estou de férias e tenho estado a pôr a leitura em dia.

Tenho lido bastante e estou muito contente com isso, especialmente porque li, pelo menos um livro, que andava há séculos para ler: O quarto de Giovanni, de James Baldwin.

David é um jovem americano que se encontra em Paris com a namorada, Hella. Dado que a relação entre os dois estava a ficar demasiado séria e que o casamento seria o passo seguinte, e não tão certa de querer dar esse passo, Hella decide viajar por Espanha, enquanto David se mantém na capital francesa.

Numa noite, conhece Giovanni, um jovem italiano, empregado num bar de fama dúbia. 

Nisto, os dois jovens iniciam uma relação amorosa, tendo David, inclusivamente, se mudado para o quarto onde Giovanni vivia. David sempre disse que, quando Hella, regressasse, iria voltar para ela.

Até que esse regresso se realiza e David abandona Giovanni, sem uma única palavra. Enlouquecido pela tristeza do abandono, Giovanni vê-se envolvido num viole to homicídio e é condenado à morte.

Este foi o primeiro livro de James Baldwin que li e fiquei maravilhada pela sua escrita de uma beleza, mesmo escrevendo sobre um assunto tão tabu. O quarto de Giovanni foi publicado, nada mais nada menos que em 1956.

A intensidade, a paixão, o desejo, a dor, o arrependimento são quase palpáveis em cada linha do texto.

O único livro que li antes e que me transmitiu as mesmas sensações que senti com esta obra, talvez tenha sido "A campânula de vidro" de Sylvia Plath. 
Temas completamente diferentes, personagens que não podiam ser mais opostas, mas... aquilo que as palavras escritas ecoaram dentro de mim... 

Só lido. Vão... Eu espero aqui por vocês. Juro. 

quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Grishaverse, aqui vamos nós! - parte 2

Há alguns dias que tenho andado fugida. Sucede que estive ocupada no trabalho, dado que a empresa iria fechar para férias, e eu própria estava a ultimar os preparativos para as férias de família. Isso não me impediu de ler, mas sim de publicar o que tenho lido. 

Vejamos então o que não passou pelas redes sociais. 

Terminei a trilogia Grishaverse - eu avisei que me tinha entusiasmado! 

Alina Starkov, ciente dos seus poderes, tem conhecimento da existência de artefactos míticos que poderão aumentar esses poderes e ajudá-la a derrotar o Darkling - o grande vilão da saga. 

Mas a que preço? No meio de toda a confusão, a relação amorosa que iniciou com Mal (seu amigo de infância) pode ficar irremediavelmente comprometida. Novos laços são forjados, e, desta vez, Alina não está sozinha. 

Obviamente que este texto tem de ser o mais linear possível para tentar não entrar em pormenores que possam dar spoilers. 

É uma boa saga, como disse no texto anterior, para não intelectualizar. Tem magia e fantasia aos pontapés, pelo que é só deixar ir na onda... 



domingo, 28 de julho de 2024

Grishaverse, aqui vamos nós!

Imagem retirada da net, referente à série. 









Cristina Maria, tu, que andavas tão atinadinha a publicar no blogue, de repente, deu-se-te um vento e paraste. Não leste mais nada desde a Circe? - oiço a vossa ânsia.

A resposta é simples: li, sim, senhores, mas as semanas de calor dos infernos deram-me aquilo que se chama de preguiça e não conseguia fazer outra coisa que existir no mundo.

Nestes dias, já li o 1° volume da trilogia Grisha de Leigh Bardugo. Vi a série da Netflix quando saiu, achei engraçadinha e apeteceu-me agora ler os livros.

Alina e Mal são dois jovens, aparentemente, comuns. Ambos encontram-se nas fileiras do Primeiro Exército de Ravka: ela como cartógrafa e ele como batedor.

Estamos num mundo em que certas pessoas possuem poderes - são os Grisha.

A história começa realmente quando têm de atravessar uma faixa de território que, há séculos, vive na escuridão e é habitada por criaturas malignas, os volcras. Nessa travessia, o transporte onde Alina e Mal viajam é atacado e a rapariga revela, de forma totalmente inesperada, um poder extraordinário.

A partir de então, tudo se desenrola de forma muito rápida. Alina é levada à presença de Darkling, o líder dos Grisha, que afirma que Alina é a Invocadora do Sol, e que só ela conseguirá salvar Rakva.

Alina começa então a receber treino Grisha para aprender a controlar o seu poder, mas é alertada para o facto de Darkling não querer salvar Ravka, mas aumentar o seu poder, dominar Ravka e todos os territórios à sua volta e escravizá-la.

É isto em linhas muito muito gerais. Trata-se de um "young adult", mas a autora escreveu-o de forma suficientemente interessante, para me levar a começar, de imediato, o 2° volume (e já vou a mais de meio).

As ordens Grisha são muito curiosas. Existe uma hierarquia, em que alguns Grisha são mais importantes do que outros: uns controlam os elementos, outros conseguem fazer parar o coração do inimigo apenas com um gesto, outros conseguem dominar aço, outros, o aspeto físico, etc...

É um bom livro para não intelectualizar. Às vezes, tudo o que precisamos é de ler sobre magia inexplicável, e onde os bons penam, mas ganha m sempre. 

sábado, 13 de julho de 2024

Lido: Circe, de Madeline Miller

"Cristina Maria, há menos de um mês, apresentaste as compras da Feira do Livro e ainda os livros que tens em fila de espera para serem lidos. Já leste algum deles?" 

"Pois claro que não!", é a minha resposta honesta.

Mas li o livro Circe, da Madeline Miller. Estava na lista de leituras? Também não. Mas foi o que me apetecia na altura. E calhou bem, porque o Henrique anda a ler a série do Percy Jackson, que também é sobre mitologia grega e fizemos "pandã". Por isso, deslarguem-me.

Circe é a ovelha negra da família. O pai é Hélio, o Deus do Sol, e a mãe é a ninfa Perseis. Tem mais 3 irmãos, mas todos eles belos e resplandecentes. Circe nunca pareceu encaixar.

Um dia, depois de vários eventos, é exilada na ilha de Eana e é aí que desenvolve e atinge o pleno potencial das suas habilidades como bruxa.

Este livro é um desfilar de figuras da mitologia grega, tornando a leitura muito muito interessante, porque há toda uma linha que podemos seguir sem nunca parar. Todas as divindades ligadas por laços de parentesco que podemos ir descobrindo. Nunca me ocorreu, por exemplo, que a própria Circe é tia do Minotauro. 

Foi uma leitura muito divertida, porque pude ir comentando com o Henrique, dado que ele se encontra a ler um livro dentro do mesmo universo temático. 

Leitura 4 estrelas, sem dúvida alguma. 

terça-feira, 9 de julho de 2024

Audiolivro - Romance de Verão

Como leitura do clube a que pertenço, tínhamos que ler um livro que se passasse no verão. Ou sobre o verão. Que de alguma forma estivesse relacionado com esta época do ano.

Como tinha Anna Karenina entre mãos, pensei numa coisinha mais leve, que pudesse ir intercalando, mas que também não me tomasse muito tempo. 

Optei por escolher o livro Romance de Verão, em formato áudio, que comprei pela aplicação Kobo Books. Como no trabalho estamos a passar por uma época menos caótica, daria para ouvir no escritório sem grandes stresses ou quando estivesse em casa a tratar de roupas, por exemplo.

Este pareceu-me ter uma trama simples que podia ser engraçada, ao mesmo tempo.

January é uma escritora de livros cor-de-rosa. Daqueles que têm sempre um final feliz. De momento, está a passar por um aperto. O pai morreu há cerca de um ano e ela tem até ao fim do verão para entregar um novo livro à editora. Além de estar praticamente sem dinheiro, com a morte do pai, descobriu que ele traiu a mãe, durante algum tempo.

O pai deixou-lhe uma casa (casa essa onde ele costumava encontrar-se com a amante) e January decide que vai vender a casa, para conseguir algum dinheiro para se aguentar enquanto não recebe os proveitos do livro que tem 3 meses para entregar e que ainda nem sequer começou a escrever.

Imediatamente apercebe-se da existência de um vizinho na casa ao lado e, mesmo não conseguindo vislumbrá-lo devido à escuridão, as primeiras impressões são péssimas. No dia seguinte à sua chegada, descobre que o vizinho é um ex colega da faculdade, Augustus, também ele escritor, e por quem ela teve um "crush". Tem tudo para correr mal. Ou bem.

Blábláblá... Eles desafiam-se: ele, um escritor de literatura "séria" vai apresentar à editora um livro cor-de-rosa, e ela, um romance sério. A ideia será publicarem sob pseudónimos, e ver quem vende mais e em primeiro lugar.

Para isso, ela vai levá-lo a encontros daqueles que só se vêem nos romances de amor, e ele leva-a em investigação aos meandros de uma seita, para o seu livro.

A ideia está gira e, no geral, é uma leitura (neste meu caso, uma audição) divertida. Mas, muitas vezes, ia-me lembrando porque deixei de ler romances. A protagonista consegue ser tão chata. "Ai que ele anda a gozar com a minha cara", "ai que ele afinal não me ama" (spoiler: eles apaixonam-se!!! Imagino o vosso choque com esta revelação!), "ai que ele foi atender uma chamada e não me deixou ouvir"... Mulher, sabes o que é "privacidade"???

Juro que não percebo quem leu as 50 Sombras de Grey. As partes do livro em que a autora descreve o enrolanço dos 2 são entediantes... 

Dei 3 estrelas. Não é mau, também não é bom. É bonzinho, vá. Tem partes francamente engraçadas, a escrita da autora é interessante, e conseguiu incluir vários temas complicados (cancro, relacionamentos, seitas religiosas) sem ser nem demasiado condescendente nem vitimista/vitimizadora. Faz sentido o que escrevi? 

A narração foi pela atriz (e dobrador) Diana Nicolau. Narração impecável, voz bonita, e "props" para estar sempre a mudar o registo conforme as personagens - January, Gus, Peter, Maggie, a amiga da January (não me lembro do nome) e a mãe da January. Seis registos de voz diferentes numa narração de cerca de 10 horas. 


sábado, 6 de julho de 2024

Anna Karenina - a derradeira atualização

Terminei Anna Karenina. Comecei ler este livro no dia 21 de Fevereiro e terminei passados 4 meses exatos, a 21 de Junho. Sim, tive este post em rascunho até hoje... Mea culpa! 

Não foi, de todo, uma leitura fácil. Houve alturas em que amaldiçoei a minha triste ideia. Houve alturas em que simplesmente nem olhava para o livro. Houve outras alturas em que li 100 páginas num único dia.

Não sabia nada deste livro. Nunca vi o filme, e conhecia os mínimos olímpicos do enredo: estamos na Rússia dos príncipes e das princesas, e uma jovem nobre casada apaixona-se por um jovem oficial solteiro e existe todo um escândalo. Ponto. Tudo isto era o meu conhecimento sobre a obra.

Anna Karenina é casada há vários anos com Alexei Alexandrovich Karenin, um alto funcionário público. O esposo é muito mais velho que ela é e amor existente naquela relação é muito pouco. O casal tem um filho, Serioja, que é todo o mundo de Anna. 

Numa visita ao irmão - ironicamente, para conversar com a cunhada, sobre a recente descoberta de uma situação de adultério - Anna viaja, de comboio, com a Condessa Vronskaya, mãe de Vronsky, o jovem militar por quem irá cair de amores. 

O falatório na sociedade começa, mas convém relembrar que estamos numa  época em que o divórcio não era tão linear como nos dias de hoje, e o marido de Anna não deseja prestar-se... ou reduzir-se... não sei bem que expressão usar... ao papel de homem enganado e divorciado. Anna engravida do amante, e deixa o casamento e o filho Serioja, com a esperança que o marido lhe dê o divórcio.

Spoiler: isso não acontece. 

Sob a perspetiva do século XXI, Anna Karenina é uma mulher que precisava desesperadamente de uma consulta de psicologia. A segunda gravidez quase a mata e, notoriamente, teve uma depressão pós-partos, aliada ao exílio da alta sociedade. 

Os eventos sucedem-se rapidamente (se excluirmos todas as intensas descrições de tudo e mais um par de botas do autor) e o escalar do desespero de Anna, às vezes, é quase doloroso de ler. 

Intercalando, tínhamos também o arco do irmão de Anna, Oblonski, e a esposa Dolly, e o do abastado proprietário Liovin, loucamente apaixonado pela jovem Kitty, que inicialmente o rejeita por estar apaixonada... por Vronsky. 

Sou franca quando digo que Anna, por vezes, me irritava um pouco. Deixa o marido, não deixa o marido, quer estar com Vronsky, afasta Vronsky, ama-o, mas discute com ele para ver até onde vai o amor que ele sente por ela, tem ciúmes, mas flirta com Liovin... Tantos altos e baixos, faziam com que não me deixasse criar uma verdadeira empatia com ela. Pessoalmente, achei o desenvolvimento de Kitty mais interessante. 

É a mais nova das irmãs e é cortejada tanto por Liovin, apaixonado por ela há anos, e por Vronsky, que não quer nada sério com ela. Mortificada de humilhação quando percebe as intenções de Vronsky, adoece e vai viajar com os pais. Com este afastamento temporário, mete tudo em perspetiva, e acaba por conhecer outras pessoas e realidades. Apercebe-se do que verdadeiramente quer e quando volta a estar com Liovin, cujo pedido de casamento já tinha recusado uma vez, mostra-se mais crescida do que é realmente (18 anos). Mostra fibra quando confrontada com problemas que a poderiam fazer vacilar e sem "mimimis".

O final de Anna é, obviamente, trágico como seria de esperar.

Não dei estrelas a este livro. Fosse qual fosse  a estrela que desse, iria sentir que não estava a ser inteiramente justa comigo e com a minha experiência de leitura ou com a própria obra que é, sem dúvida, um monumento literário. 

quarta-feira, 19 de junho de 2024

O que vais ler tu, Cristina Maria?

O título deste texto é aquilo que me vai chegando telepaticamente. Sinto a vossa dúvida e a vossa dor depois do texto onde mostrei as minhas parcas compras na Feira do Livro.

Mas, nada temam!!! Tenho muito cá em casa para me entreter, porque sou uma rapariga que se previne ao longo do ano.

Esta, senhores, é a minha pilha de leituras para os próximos tempos. Sem prazo e sem pressões.

A única dúvida é: começar por onde? Já comecei, em tempos idos, o Meio Sol Amarelo da Chimamanda. Mas os livros da Hilary Mantel são históricos e fazem parte de uma trilogia e podia já dar cabo de 2/3 da dita cuja. Ou o Afonso Cruz que já comprei há tanto tempo que nem me lembro quando. Ou a Célia Correia Loureiro que tem uma capa linda e é ser o mais recente dos 5.


A minha única certeza sobre esta pequena montanha é que pesa 3,2 kg (sim, dei-me ao trabalho de pesar). 

domingo, 16 de junho de 2024

Lido: Terra Americana, de Jeanine Cummins

No verão do ano passado, li um livro que achei muito engraçado, e que, na minha humilde opinião, é perfeito para a época estival: Como matar a tua família, de Bella Mackie.

A mãe de um amigo do Henrique viu a minha publicação, e, ela própria, fez um post sobre o que tinha lido nas suas férias. E foi assim, crianças, que Terra Americana, de Jeanine Cummins, veio parar à minha TBR.

Primeiro, a capa. Muito suave, subtil e sóbria. Não é "txaran", mas chama a atenção. Depois, a sinopse. E foi aqui que me me ganharam.

Ontem Lydia era dona de uma livraria.
Estava casada com o homem que amava.
Vivia rodeada de família e amigos.
Hoje Lydia perdeu tudo.
Tudo, menos o filho, Luca, de oito anos.
Por ele, vai amarrar uma faca de mato à perna.
Vai saltar para um comboio de alta velocidade em andamento.
Vai até ao fim do mundo.

Únicos sobreviventes do massacre da sua família às mãos de narcotraficantes, Lydia e Luca sabem que têm de fugir do México imediatamente. Cada minuto conta. Cada troca de olhares está impregnada de perigo. Em cada momento de fraqueza pulsam a vida e a morte.

Comecei a ler e só consegui parar de pensar neste livro quando alcancei a última página. Um autêntico "page turner". Sofri com a Lydia, sorri com o Luca, chorei com Soledade, Rebeca e Beto, depositei, com alguma reticência a minha confiança, em alguns dos outros personagens - uns, desiludiram-me, outros provaram ter espinha dorsal.

Este é só um cheirinho - e ainda por cima, fictício - do drama dos migrantes do centro e sul americanos que tentam alcançar os Estado Unidos da América. Por cada narcotraficante, há uma família boa. Por cada criminoso há grupos de pessoas que, genuinamente, procuram melhores condições para si e para os seus.

Sabiam que muitos migrantes percorrem largas centenas de quilómetros em cima de comboios de mercadorias? Alguns, sobem quando o comboio está em andamento e, de acordo com a Wikipedia, anualmente, são entre 400 e 500 mil pessoas que tentam alcançar os EUA viajando em La Bestia (a Besta ou, como também é conhecido, O Comboio da Morte).

Imagem retirada da Wikipédia, no artigo 
"La Bestia", retrata pessoas a tentarem dar alguns mantimentos aos migrantes que viajam em cima do comboio. 

A autora passou bastante tempo a pesquisar sobre as rotas dos migrantes, fez voluntariado em centros de acolhimento e migrantes, falou com várias pessoas e só, passados mais de 3 anos, lançou este livro. Foi criticadíssima, por ser uma norte-americana a falar de um assunto tão mais ao sul da Maryland onde cresceu, mas creio que, a Portugal, só chegaram ecos da polémica. Recomendo vivamente esta leitura.

Se entretanto, souberem de algum livro que retrate esta realidade, mas escrito por um@ sul-american@, basta deixar a sugestão na caixa de comentários. 

quinta-feira, 13 de junho de 2024

Compras na Feira do Livro de Lisboa

Aviso à navegação: não estou extasiada de felicidade com os livros que comprei este ano, mas, quis fugir um bocadinho ao que habitualmente leio.

Um dos conselhos que dou ao Henrique é: quando lemos, temos toda a liberdade para escolher. Tanto podemos ler livros pequenos, grandes, de um único género, ou saltitar. Mas, nunca, nos devemos acomodar. Sair daquilo que é a nossa zona de conforto, pode trazer-nos surpresas incríveis.

Não comprei nada que tinha nas minhas listas. Há quem passe semanas a preparar a ida à Feira, quem organize a agenda em função da Horas H desta vida, ou dos escritores que irão estar presentes. Eu, no fundo, sou uma "Maria vai com as outras". 

Há umas semanas, fiz uma busca rápida sobre os vencedores do Man Booker Prize, e Julian Barnes era um dos nomes da lista (2011). "O Homem do Casaco Vermelho" era livro do dia quando fui à FLL e veio comigo. O que sei sobre um livro? Nada. 

Há muito que oiço falar de J. Rentes de Carvalho. Já não me recordo em que contexto, o nome dele surgiu-me, de novo, muito recentemente. Pesquisei um nadinha de nada sobre ele e este "Ernestina" apareceu-me como sendo a sua obra-prima. Calhou também ser o livro do dia, quando lá estive e trouxe-o. 


Não estou aos pulos como em outros anos, porque não sei o que esperar destes livros. Vou navegar no total desconhecido. Podem ser livros que irei amar para o resto dos meus dias, ou podem ser livros que irei amargurar o dinheiro que dei por eles. Quem sabe?

Não estou extasiada, mas sinto aquele nervoso miudinho de quem vai conhecer outro alguém pela primeira vez. Borboletas no estômago e não sei o quê mais. 

Alguém ainda me lê? Já leram estes livros? 

segunda-feira, 10 de junho de 2024

Atualização de leitura

Decidi começar a ler o clássico Anna Karenina quase a fechar o mês de Fevereiro.

Tinha terminado " Um Gentleman em Moscovo", e o protagonista referia várias vezes este livro de Tolstói. Sucedia que o mesmo livro residia nas minhas estantes há 3 anos e a única leitura que eu tinha feito havia sido a da fatura de compra.

Lancei-me nesta empreitada. Vou, sensivelmente, a meio.

Genericamente, estou a gostar dos arcos principais, mas, no entanto, contudo, a Anna, até este momento, é uma personagem menos entusiasmante do que eu esperava. Estou a gostar mais da história do Lióvin e da Kitty - e nem sei bem explicar porquê. 

Mas, aos poucos vou avançando. Já passei por capítulos onde fala dos direitos das mulheres (nomeadamente, à educação e à ocupar lugares públicos), sobre as condições laborais, sobre o direito à propriedade, sobre a diferença entre homens e mulheres no casamento... Está a ser uma viagem incrível.

Lamento muito pelas pessoas que não conseguem apreciar a beleza e a riqueza que a leituras lhes pode proporcionar. Honestamente. 

sábado, 1 de junho de 2024

Se os Gatos Desaparecessem do Mundo, de Genki Kawamura

Para o clube de leitura, tínhamos o desafio de ler um livro que tivesse gatos. Pesquisei um pouco e decidi ler Se os Gatos Desaparecessem do Mundo, de Genki Kawamura. 

Declaração prévia: não adorei. É um livro pequenino que se lê muito bem e rápido, mas senti que ficou um pouco aquém. Talvez as minhas expetativas estivessem altas depois de ler os livros sobre a livraria Morisaki... 

O nosso protagonista é um jovem carteiro que descobre ter pouco tempo de vida. A mãe faleceu, está afastado do pai (física e emocionalmente) e vive sozinho. Sozinho, é um exagero, vá: vive com o seu gato Repolho. 


Ao chegar a casa, apercebe-se que não está sozinho. O Diabo - em pessoa! - veio fazer um trato: por cada objeto do quotidiano que o nosso protagonista faça desaparecer do mundo, ganha mais um dia de vida.

Esta história foca essencialmente na importância das pequenas coisas: no final, que é efetivamente importante para nós? Com a pressa dos dias, talvez demos demasiado tempo de antena aos smartphones e a todas as tecnologias, mas até onde é que poderíamos, hoje, viver sem elas?

É também um livro sobre o perdão, sobre a inevitabilidade, sobre a dualidade da vida e da morte...

O meu problema com este livro é que percebi imediatamente onde é que iria parar e não senti grande empatia com o protagonista. Foi tudo muito contado pela rama e demasiado previsível. Mesmo o facto do livro se chamar "Se os Gatos Desaparecessem do Mundo", esperava que estes bichanitos tivessem mais páginas.

Li o livro até ao fim. Não adorei, como já disse anteriormente, mas é um livro fofo. Não perdem o vosso tempo a lê-lo (tem cento e pouquinhas páginas) é isso que quer dizer. Mas se tiverem que escolher entre este livro e outro qualquer, pesem as hipóteses. É um bom livro de praia, por exemplo. 

segunda-feira, 27 de maio de 2024

A saga da Livraria Morisaki

Este mês, li umas obras oriundas do Japão. Há algum tempo que queria experimentar outros autores que não o Murakami ou o Yasunari Kawabata.

Decidi ler uns livrinhos que andam nas bocas do mundo, e gostei. Falo de Os meus dias na livraria Morisaki e Uma Noite na Livraria Morisaki, de Satoshi Yagisawa.

E gostei bastante.

São livros pequenos que se lêem em pouco mais de um par de horas, cada um, e têm daquelas histórias que nos deixam quentinhos cá dentro.

No primeiro livro, somos apresentados a Takako, uma jovem adulta que, sem esperar, é surpreendida com uma notícia que a deixa sem chão. Aquele que é o seu namorado informa-a que vai casar... Com outra pessoa. Takako entra numa espiral descendente e perde todo o entusiasmo por tudo. Até que, um dia, recebe a chamada que lhe vai mudar a vida. O tio Satoru - que Takako - não vê há 10 anos, convida-la a ficar no 1° andar da livraria Morisaki que está na família há três gerações.

E é neste momento que somos também apresentados ao reino da livraria que acaba também ela por ser personagem nesta história de desilusão, perdão e, especialmente, de amor.

Em Uma Noite na Livraria Morisaki, já se passou algum tempo desde os eventos do 1° livro, e temos uma Takako mais adulta, mas que ainda se depara com alguns medos pessoais, e com a sua luta interna para os resolver. Lidamos também com a dor. Com a morte. Com o luto. Com a convivência após a perda. Com o ser resgatado. 

A livraria Morisaki, mais uma vez, é o cenário mais que perfeito para esta história. Fiquei com alguma pena de não conhecer mais sobre os clientes habituais, que mais do que clientes, são amigos e um pouco como a alma da livraria. Não sei se vai haver uma terceira parte, mas fiquei curiosa para saber qual é afinal a ocupação do senhor Sabu. 

Atenção. Não são livros que irão ficar nos anais da História. O autor não vai ganhar o Nobel, por conta destes livros, mas soube criar uma história que nos cativa e com personagens com quem facilmente nos conectamos. 

sábado, 18 de maio de 2024

Desafio

Aii o que levarias para ler, se fosses para uma ilha deserta? Aii quais são os livros que gostarias de ler até ao fim da tua vida?

São mais que muitos os desafios que pululam por esta Internet fora. Damos um pontapé numa pedra (virtual) e saltam de lá mais 4 desafios literários.

Mas há uns dias, tropecei num - igual a tantos outros - mas que me fez rir.

Se fosses parar à prisão, por um crime menor, e se apanhasses, por exemplo, 1 ano, quais seriam os 10 livros levarias para a prisão contigo? 

(há um horizonte temporal credível e, com a faltinha de paciência com que ando, uma justificativa ainda mais credível para estar afastada da sociedade...)

Que livros levaria comigo se fosse de cana, amanhã?

- O Deus das Pequenas Coisas, de Arundhati Roy: já li este livro há tantos, tantos, tantos anos que gostaria de mergulhar novamente nesta história que nos conta muito sobre a cultura da Índia. Só me recordo muito vagamente da narrativa em si, mas tenho memória do sentimento quee despertou. 

- Os Capitães da Areia, de Jorge Amado: por causa de um dos últimos livros que li, recordei esta obra que foi aquela que me introduziu aos livros de Jorge Amado. Li este livro, sem exagerar, meia dúzia de vezes e gostaria imenso de o reler. 

- um livro do João Tordo. Qual? Não sei. Tinha de fazer "pim-pam-pum" aos que ainda não li. 

- Anna Karénina, de Tolstói: sim, ainda o estou a ler. E estou a ver que isto está para durar. 

- ando a ler a série Trono de Vidro da Sarah J. Maas, portanto, acho que levaria o 4° volume desta saga para ir intercalando com algum mais pesadote. 

(já vou a meio da lista, e não está fácil) 

- gostava muito de voltar a Murakami. Há muitos anos que não leio nada dele e escolheria, talvez, Norwegian Wood, que está na minha lista há meia vida. 

- Wolf Hall, de Hillary Mantel. Tenho o sacana do livro há minha espera, desde 2022, porque me troquei todinha e comprei o 2° volume da trilogia do Thomas Cromwell a pensar que era o primeiro, e depois não estava a perceber bilhufas e foi aí que percebi que sou uma inepta e tive de comprar o 1° volume. 

- Amores da Cadela Pura - confissões da Marquesa de Jácome Correia, de Margarida Victória: sei que li um livro qualquer que fazia referência a esta Marquesa, que era um bocadinho "à frente" para a sociedade da altura e descobri que tinha um livro em nome próprio e com este título absolutamente maravilhoso. Entrou na minha lista de desejos num piscar de olhos. 

(já só faltam 2)

- Arquipélago Gulag, de Aleksandr Solzhenitsyn (tive de fazer batota para copiar este nome). Há anos que este livro está na minha lista. Já li vários livros sobre campos de concentração nazis, mas russos, acho que não. E o facto deste livro não ser ficção; ser a descrição da vivência de alguém que esteve lá, deixa-me cada vez mais inclinada a pegar nele. Talvez num futuro próximo. Quando for dentro... 

(último, finalmente!) 

- Meio Sol Amarelo, de Chimamanda Ngozi Adichie: sabem há quanto tempo tenho este livro? Têm uma pequena noção? Alguma? Pois, há demasiado tempo. Comecei a lê-lo num ebook reader no telemóvel ate ter percebido que 700 e tal páginas são muitas páginas para estar a esforçar os olhos num ecrã pequenitates. 

Opiniões sobre estas escolhas?


quarta-feira, 15 de maio de 2024

Leituras de Abril

O meio do mês é uma altura tão boa como qualquer outra para mostrar as minhas leituras de Abril.

"Ahhh, mas Abril já foi há tanto tempo. É tão mês passado" - oiço-vos a cochichar. Pois, mas Abril foi há 15 dias e Junho é daqui a outros 15, portanto, não me apoquentem e apreciem as sugestões enquanto estou disponível para escrever.


A imagem, claramente, é um print do Goodreads, portanto, a última foto foi do 1° livro que terminei.

Comecemos com Saga. Ainda há fãs por aí? Já vamos no volume 11 e a qualidade continua alta.

Seguimos para Torto Arado de Itamar Vieira Junior. Comprei este livro há umas semanas naquelas caixas da FNAC com livros mais baratinhos, porque têm algum problema. Neste, era a contracapa que estava rasgada.. O que não afeta absolutamente nada a experiência de leitura. Escrevi no Instagram que lee Torto Arado me deu umas "vibes" de Jorge Amado. O que, desde já, é um tremendo de um elogio dado que Amado é um génio (li os Capitães da Areia, na boa, umas cinco vezes).

Falando em Jorge Amado...o tema deste mês para o clube de leitura era ler um livro de um vencedor do Prémio Camões. Inicialmente, separei das minhas estantes, o livro As Meninas de Lygia Fagundes Telles, mas depois lembrei-me de um outro que me iria dar, infinitas vezes, mais gosto: Com o Mar por Meio. Uma amizade em Cartas. Um livro publicado pela Fundação Jorge Amado que nada mais é do que a troca de cartas e faxes entre Amado e Saramago. Uma leitura muito interessante, que espelha a amizade de dois monstros da literatura lusófona. Há passagens simplesmente deliciosas!

Terminei Março com uma mulher e portuguesa. Onde Cantam os Grilos de Maria Isacc, conta-nos a história da família Vaz pelos olhos de Formiga. Formiga era bebé quando foi deixado na Herdade do Lago e desde então que os Vaz, uma família bem estabelecida, são os seus heróis. Como criança que é e tendo a liberdade de circulação que tem, Formiga sabe tudo (ou pensa saber) de cada um dos elementos da família que o acolheu. Mas descobre um segredo que acaba por destruir a própria família e o obriga a deixar a infância para trás definitivamente. O livro é escrito na perspetiva de um Formiga já adulto, na casa dos 30, depois de 20 anos de ausência da Herdade que o viu crescer. Excelente leitura e com uma narrativa com o compasso certo. Gostei muito. 

domingo, 12 de maio de 2024

Pois que nem só de livros vive o Homem e a Mulher

Também vive de séries, pois está claro. E tenho visto, aqui e ali, umas coisinhas. Mas o que quero mesmo destacar é a série da Netflix - O Problema dos Três Corpos.

Esta série, para os mais desatentos, é a adaptação do livro com o mesmo nome, do autor chinês Liu Cixin. Livro esse que li em 2021 (https://capamole.blogspot.com/2021/05/recuperar-do-atraso-parte-3.html?m=1), depois de vários anos para que fosse traduzido para português.

Com o sucesso da série - que obviamente já vi - voltou também o meu entusiasmo pela trilogia (sabem aquela sensação de "só eu conheço esta pequena peça de arte e não tenho ninguém com quem falar dela"? Pois, era eu, nestes anos).

E eis que a minha última aquisição foi A Floresta Sombria - o segundo volume da trilogia, que está a ser publicada pela Relógio D’Água (vou confessar: o livro está, neste momento, no banco de trás do meu carro e não me apetece ir buscar para efeitos se foto armada ao pingarelho. Quando o ler, tiro a foto conceptual-ócoisa).

Mas, Cristina Maria, o que sucede no livro? Resumo rápido: o livro começa durante a Revolução Cultural Chinesa. Ye Wenjie vê o pai, um professor de Física, a ser barbaramente morto devido aos conteúdos que ensinava aos seus alunos. Posteriormente, é levada para uma base militar e consegue entrar em contacto com formas de vida alienígena.
Nos nossos dias, vários cientistas aparecem mortos e Wang Miao, especialista em nanotecnologia, irá trabalhar com a investigação, que conduz a um estranho jogo de realidade virtual, cujo objetivo é prever as eras de bom tempo.

O livro não é simples de ler, especialmente porque aborda temas muito científicos e conceitos estranhos para a vasta maioria; aconselho a que se foquem na história e que vão de mente aberta e tempo disponível. 

quarta-feira, 8 de maio de 2024

Os russos da minha vida

Desde muito cedo que tive a estranha convicção que os escritores russos eram muito a "minha cena".

Curiosamente, raramente os leio. Estão lindos e maravilhosos na minha estante, num cantinho só deles Dostoievski, Pasternak, Ostrovski e Tolstói.

Este ano, calhou ler Um Gentleman em Moscovo - livro maravilhoso, escrito de uma forma tremendamente elegante e cativante, com uma história perfeitamente estupenda - onde o livro Anna Karenina é referido uma infinitude de vezes.

Pois que Anna Karenina é um daqueles que vive cá em casa há 3 anos. E decidi que era boa ideia começar a lê-lo. E comecei sim...em Fevereiro. E estou quase nas 250 páginas de um livro com quase 800.

É um livro denso, não é fácil de ler, e não sendo propriamente um livro leve (tem 871 gramas) não é a leitura mais portátil que possuo. Literalmente, estou há espera de ter férias para lhe dar mais um avanço, e tentar terminá-lo ainda este ano. 

Desejem-me sorte!




domingo, 5 de maio de 2024

Goodreads Reading Challenge

 Já liguei mais ao número de livros lidos do que atualmente, mas ainda assim não deixo de me sentir vaidosa por ver que, apesar da falta de tempo, vou conseguindo ler.

Já aqui disse várias vezes que, desde criança, leio muito. O Henrique segue muito este meu legado, e isso deixa-me feliz - hoje, as conversas com os amigos pelo Whatsapp, ou o apelo dos jogos de computador e PlayStation vão ganhando um pouco mais de espaço na vida dele, mas consegue equilibrar bem.

Dado que, em Agosto de 2022, comecei um trabalho das 9 às 18, deixei de ter tanta disponibilidade como tinha antes. Em 2023, marquei que ia ler 12 livros - um por mês. Se cumprisse esse objetivo, ficaria muito contente. Li 34, mais de 2 por mês.

Este ano, voltei a apontar para os 12 - só para comprovar que o ano anterior não tinha sido um acidente de percurso. Já li 17 e estou radiante da vida - até porque alguns deles foram incríveis. 



quarta-feira, 1 de maio de 2024

15 anos de blogue - o Capa Mole é um adolescente de pleno direito!

 Junho de 2023. Foi este o mês em que publiquei algo pela última vez neste espaço. Às vezes - muitas vezes, aliás - penso que, o melhor, nestas circunstâncias, é fechar definitivamente este espaço.

Mas, sou uma pessoa que se apega. Este blogue fez 15 anos em Dezembro. São muitos anos e muitos livros... E, não sei, sincera, se sou capaz de colocar um ponto final ao Capa Mole & Companhia.

Este blogue nasceu numa era em que os blogues eram fixes. Já tive duas companheiras de escrita, em alturas distintas, mas que a vida afastou.

Já tive parcerias com editoras, que acabaram por cair, porque, realmente, não conseguia responder ao grande advento do Instagram, do TikTok e outras redes, por falta de tempo. 

Quero com tudo isto dizer que ainda não vou desistir. Foram 9 meses de paragem (uma gestação inteira, portanto), mas, talvez, com um bocadinho mais de força de vontade, consiga voltar a escrever aqui.

Tenho saudades, sabem... de escrever! De transmitir o que sinto com os livros! 

Enfim, basta de dramatismos e de vitimizações de quarta-feira, e mais livros e leituras.

Tinha um saldozito na Bertrand a expirar e decidi começar a ler este livro no mês da Revolução. E já vou quase na página 200.