Começamos com um encontro entre Pina Manique, intendente-geral da Polícia e José Anastácio da Cunha, militar, cientista, autor e professor, que, inicialmente, causa grande estranheza no segundo, por serem pessoas de meios diferentes e com pensamentos também diferentes. Saberemos, poucas páginas depois, que o tema da reunião é a fundação daquela que virá a ser a Casa Pia.
Mas, as conversas são como as cerejas, e Pina Manique começa a contar a vez em que teve de julgar Luiza de Jesus, um caso conhecidíssimo em todo o reino. Porquê? A ré era acusada de ter assassinado 33 crianças, expostas na Roda da Misericórdia de Coimbra. Pina Manique leva a cabo uma investigação para tentar entender a motivação da mulher. O que terá levado Luiza de Jesus, com pouco mais de 23 anos, a assassinar impiedosamente crianças inocentes?
É um livro muito interessante, na medida em que somos, aos poucos, introduzidos numa época onde a palavra do Marquês de Pombal era ordem, onde o jogo de aparências e de luxo da nobreza contrastava com a pobreza extrema de um povo que era forçado a abandonar os filhos por não ter como sobreviver de outra forma. Um tempo - 1772 - em que a cidade de Lisboa se encontrava em reconstrução depois do terramoto de 1755. É este, portanto, o pano de fundo do A Assassina da Roda.
É, logicamente, um romance histórico e a própria escrita acompanha o tempo da ação, com o "floreados" da época, fazendo deste livro quase uma experiência. Todo o livro é acompanhado de notas explicativas sobre os intervenientes e sobre momentos da nossa História, bem como um glossário com a explicação de certas expressões que, à primeira vista, poderão não ser totalmente claras.
Além de ser um livro que já estava a ganhar pó cá em casa, li-o para a maratona Estações Literárias (autora nacional) e para a letra R do projeto "Inverno QB".
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