Como tinha Anna Karenina entre mãos, pensei numa coisinha mais leve, que pudesse ir intercalando, mas que também não me tomasse muito tempo.
Optei por escolher o livro Romance de Verão, em formato áudio, que comprei pela aplicação Kobo Books. Como no trabalho estamos a passar por uma época menos caótica, daria para ouvir no escritório sem grandes stresses ou quando estivesse em casa a tratar de roupas, por exemplo.
Este pareceu-me ter uma trama simples que podia ser engraçada, ao mesmo tempo.
January é uma escritora de livros cor-de-rosa. Daqueles que têm sempre um final feliz. De momento, está a passar por um aperto. O pai morreu há cerca de um ano e ela tem até ao fim do verão para entregar um novo livro à editora. Além de estar praticamente sem dinheiro, com a morte do pai, descobriu que ele traiu a mãe, durante algum tempo.
O pai deixou-lhe uma casa (casa essa onde ele costumava encontrar-se com a amante) e January decide que vai vender a casa, para conseguir algum dinheiro para se aguentar enquanto não recebe os proveitos do livro que tem 3 meses para entregar e que ainda nem sequer começou a escrever.
Imediatamente apercebe-se da existência de um vizinho na casa ao lado e, mesmo não conseguindo vislumbrá-lo devido à escuridão, as primeiras impressões são péssimas. No dia seguinte à sua chegada, descobre que o vizinho é um ex colega da faculdade, Augustus, também ele escritor, e por quem ela teve um "crush". Tem tudo para correr mal. Ou bem.
Blábláblá... Eles desafiam-se: ele, um escritor de literatura "séria" vai apresentar à editora um livro cor-de-rosa, e ela, um romance sério. A ideia será publicarem sob pseudónimos, e ver quem vende mais e em primeiro lugar.
Para isso, ela vai levá-lo a encontros daqueles que só se vêem nos romances de amor, e ele leva-a em investigação aos meandros de uma seita, para o seu livro.
A ideia está gira e, no geral, é uma leitura (neste meu caso, uma audição) divertida. Mas, muitas vezes, ia-me lembrando porque deixei de ler romances. A protagonista consegue ser tão chata. "Ai que ele anda a gozar com a minha cara", "ai que ele afinal não me ama" (spoiler: eles apaixonam-se!!! Imagino o vosso choque com esta revelação!), "ai que ele foi atender uma chamada e não me deixou ouvir"... Mulher, sabes o que é "privacidade"???
Juro que não percebo quem leu as 50 Sombras de Grey. As partes do livro em que a autora descreve o enrolanço dos 2 são entediantes...
Dei 3 estrelas. Não é mau, também não é bom. É bonzinho, vá. Tem partes francamente engraçadas, a escrita da autora é interessante, e conseguiu incluir vários temas complicados (cancro, relacionamentos, seitas religiosas) sem ser nem demasiado condescendente nem vitimista/vitimizadora. Faz sentido o que escrevi?
A narração foi pela atriz (e dobrador) Diana Nicolau. Narração impecável, voz bonita, e "props" para estar sempre a mudar o registo conforme as personagens - January, Gus, Peter, Maggie, a amiga da January (não me lembro do nome) e a mãe da January. Seis registos de voz diferentes numa narração de cerca de 10 horas.
Sem comentários:
Enviar um comentário