A mãe de um amigo do Henrique viu a minha publicação, e, ela própria, fez um post sobre o que tinha lido nas suas férias. E foi assim, crianças, que Terra Americana, de Jeanine Cummins, veio parar à minha TBR.
Primeiro, a capa. Muito suave, subtil e sóbria. Não é "txaran", mas chama a atenção. Depois, a sinopse. E foi aqui que me me ganharam.
Ontem Lydia era dona de uma livraria.
Estava casada com o homem que amava.
Vivia rodeada de família e amigos.
Hoje Lydia perdeu tudo.
Tudo, menos o filho, Luca, de oito anos.
Por ele, vai amarrar uma faca de mato à perna.
Vai saltar para um comboio de alta velocidade em andamento.
Vai até ao fim do mundo.
Únicos sobreviventes do massacre da sua família às mãos de narcotraficantes, Lydia e Luca sabem que têm de fugir do México imediatamente. Cada minuto conta. Cada troca de olhares está impregnada de perigo. Em cada momento de fraqueza pulsam a vida e a morte.
Comecei a ler e só consegui parar de pensar neste livro quando alcancei a última página. Um autêntico "page turner". Sofri com a Lydia, sorri com o Luca, chorei com Soledade, Rebeca e Beto, depositei, com alguma reticência a minha confiança, em alguns dos outros personagens - uns, desiludiram-me, outros provaram ter espinha dorsal.
Este é só um cheirinho - e ainda por cima, fictício - do drama dos migrantes do centro e sul americanos que tentam alcançar os Estado Unidos da América. Por cada narcotraficante, há uma família boa. Por cada criminoso há grupos de pessoas que, genuinamente, procuram melhores condições para si e para os seus.
Sabiam que muitos migrantes percorrem largas centenas de quilómetros em cima de comboios de mercadorias? Alguns, sobem quando o comboio está em andamento e, de acordo com a Wikipedia, anualmente, são entre 400 e 500 mil pessoas que tentam alcançar os EUA viajando em La Bestia (a Besta ou, como também é conhecido, O Comboio da Morte).
Imagem retirada da Wikipédia, no artigo |
A autora passou bastante tempo a pesquisar sobre as rotas dos migrantes, fez voluntariado em centros de acolhimento e migrantes, falou com várias pessoas e só, passados mais de 3 anos, lançou este livro. Foi criticadíssima, por ser uma norte-americana a falar de um assunto tão mais ao sul da Maryland onde cresceu, mas creio que, a Portugal, só chegaram ecos da polémica. Recomendo vivamente esta leitura.
Se entretanto, souberem de algum livro que retrate esta realidade, mas escrito por um@ sul-american@, basta deixar a sugestão na caixa de comentários.
Sem comentários:
Enviar um comentário